1197-JESUS NAS MISTERIOSAS TERRAS DO ORIENTE- 1 -Jazlon
JAZLON
Primeira parte
Jazlon observava de longe o desenrolar da cena : Um condenado á morte por crucificação carregando sua própria cruz subindo a encosta do monte dos Enforcados, onde seria submetido a mais cruel das morte,
Ele conhecia o condenado. Sabia de toda a torpe trama engendrada pelos sacerdotes do Templo, para fazer calar a voz do pacifico pregador. Ele mesmo era um seguidor do Pregador que descera de Nazaré, e tinha milhares de adeptos, mas que, fiéis á doutrina de amor e compaixão do condenado, não reagiram com violência á tremenda injustiça que estava sendo levada a efeito.
Jazlon viera de Sidon, cidade que ficava ás margens do mar, e onde as palavras do pacifico pregador chegaram e foram aceitas por muitas pessoas, que abandonaram a adoração de Astarte e Esmund, deuses do bem e do mal o mesmo tempo,
Habilidoso carpinteiro seguia no negócio de seu pai e de seus avós, todos fabricantes de embarcações. Comerciante sagaz, acrescentara muita riqueza á sua família, influente e poderosa naquela cidade portuária.
Estava negociando em Jerusalem um rebanho de carneiros, quando teve conhecimento da existência de um pregador que estava fazendo milagres. Curioso, aos encerrar a venda do rebanho, acompanhou o grupo que seguia o homem, a quem atribuíam os milagres. Um homem simples, cabelos longos descobertos, face morena queimada pela exposição ao sol, trajando um manto branco e calçando chinelos.
Observou o pregador sem que fosse notado. Mas se sentiu atraído por ele, pois tinha uma maneira suave e tranqüila de falar, e suas palavras eram de paz, de amor, de felicidade. Rodeado por alguns que o cercavam, como que querendo mantê-lo longe dos
outros seguidores, aparentemente pessoas pobres e simples..
Seguiam em direção ao Templo. Foi junto, empurrando e sendo empurrado. Tudo acontecendo de forma pacifica, todos pareciam gostar muito do pregador.
Qual não foi sua surpresa, entretanto, quando o viu apoderar-se de uma tira de couro, e usando-a como chicote, começou a destruir as bancas de vendedores, agiotas, cambistas e outras de vários tipos de negócios. O pátio do templo estava abarrotado de gente, comprando, negociando, vendendo ou combinando negócios.
Ao derrubar as primeiras barracas, e espancar alguns negociantes, ouviu-o gritando:
— Trem isto tudo daqui. Não façam da casa de meu pai um covil de ladrões!
As pessoas começaram a correr, os donos das barracas tentaram ajuntar suas mercadorias, e logo o pânico se estabeleceu.
Jazlon observava das escadas do Templo a confusão provocada pelo pregador, naquele momento cheio de ira e violento
Depois de assistir aquela confusão, ficou ainda mais intrigado com o comportamento do pregador. Além disso, a cidade estava agitada, a guarda romana redobrada, pois havia boatos de que estaria dentro dos muros da cidade um tal de Barrabás, chefe de um grupo que guerrilhavam contra seus dominantes.
O comerciante de Sidon resolveu demorar mas alguns dias, para ver o que aconteceria, pois teve a intuição de que alguma coisa importante estava em vias de ocorrer.
ANTONIO ROQUE GOBBO
Belo Horizonte, 15.09.2024.
Conto # 1197 da Série Infinitas Histórias