Dragão Divino – Missivos Memoriais

Dragão Divino – Missivos Memoriais I: Histórico Homúnculo.

Não vejo motivo em mencionar os nomes dos que morreram de modo indigente pelos meus irmãos e por mim, então certamente o mais adequado é mencioná-los pelo nome de sua espécie: seres humanos. Por sermos clementes e misericordiosos, poupamos de levar essa desprezível espécie à extinção que deveras merecem: do contrário, meus caros leitores, não estaríeis lendo estes escritos.

Registros estes os quais descrevem brevemente alguns fragmentos dos antigos eventos em uma época ancestral em que celestes criaturas e seres humanos conviviam neste mesmo plano terreno. Diversos foram os seres místicos que, a despeito de este ser um plano inferior, viviam neste lugar, porque, em seu primórdio, havia um considerável potencial para ascender de plano, o qual seria eventualmente desperdiçado pelos seus modestos primatas (que se dizem muito evoluídos). Então, atualmente, já não mais vivemos nesse mundo, a despeito de sermos melhores seres.

Seriam esses tais seres humanos tão nocivos e perigosos a ponto de fazer todos os seres superiores a eles simplesmente os temerem? Simplesmente, não. Esse tipo de cenário em que os humanos teriam poder o bastante para que nos sentíssemos intimidados por eles é somente em suas próprias estórias fantasiosas, porque somente em suas imaginações é que seria possível esse tipo de subversão. O universo não se dobra às vontades nem aos desejos humanos! Por que não entendem isso?

Compartilhamos com os humanos os nossos vastos saberes acerca da compreensão do universo através da astrologia, numerologia e alquimia; também os ensinamos a elementar arte dos elementos e todas as ciências em que envolvem os diversos planos do universo, tanto os conhecimentos místicos quantos os conhecimentos mundanos. A realidade do universo é muito mais além do que os limitados sentidos dos humanos podem perceber, por causa disso possuem tanta dificuldade em compreender a verdade universal e deixam-se a acreditar em especulações que eles mesmos fazem do universo como se fossem a própria manifestação objetiva da realidade.

Fomentaram a base de sua ciência ao utilizaram-se de nosso estudo, e agora que não lhes convêm mais, distorcem a nossa sabedoria e a chamam de pseudo-ciência... O que demonstra que, além de mal agradecidos, são uma espécie mau-caráter que não sabe reconhecer nada que fazem pelos seus integrantes. Por esse motivo não sentimos remorso nem culpa pela retaliação que fizemos contra eles! Meus caros, acrediteis: não fazeis diferença em nossas vidas nem ao universo, que tanto os ignora, porque, da mesma forma, que a vida desse grupo surgiu é o mesmo modo que desaparece.

E igualmente vários foram os seres místicos que abandonaram este lugar situado em um plano inferior, assim que perceberam que não valia a pena fazer com que esses indivíduos ingratos entendessem a tolice que estavam fazendo: afinal, quanto mais se empenhava em mostrar-lhes a verdade, mais apegados à mentira eles se tornavam; e, por mais que sejam insignificantes, ter humanos por perto é como ter vizinhos ruidosos e desagradáveis, por isso foram abandonados pelos seres superiores.

Esses tais homens que ficam abatidos quando feridos e que são incapazes de serem imortais, simplesmente não são capazes de inspirar-nos medo: pelo contrário, sentimos compaixão e misericórdia de seres tão inferiores. Entretanto, ao mesmo tempo, enojamo-nos de tais criaturas prepotentes que nada têm a oferecer e que, depois de tudo que fizemos por eles, sempre retribuíram com desrespeito e ingratidão.

Lastimável, deveras; todavia, não havia mais o que fazer. Aceitamos que esses sujeitos não têm salvação: estão perdidos no próprio sonho ilusório. Que assim seja! Delirai, pois, até a morte e percam esse arremedo de existência cujo nome chamais de vida.

...

A propósito, quanta desconsideração de minha parte. Esqueci-me de apresentar-me! Não é porque os integrantes de vosso espécime são degenerados que necessariamente vós igualmente o sois (não convivemos conosco, então realmente não faz diferença o vosso caráter). Permiti-me a anunciar-me, pois, dos diversos seres místicos referidos, Eu represento os Dragões! Isso é o suficiente que vos precisais saber a respeito de Mim; entretanto, estou disposto a discorrer mais sobre a breve convivência entre Dragões e humanos, caso estejais interessados. Espero que o vosso ego se deleite em ler a respeito dos humanos recebendo o devido tratamento que merecem...

Dragão Divino – Missivos Memoriais II: Horrível Humano.

Lembro-me de que depois que se consideraram fortes e inteligentes o bastante, passaram a invejar o nosso poder e sabedoria e começaram a desafiar não só os Dragões como também muitos dos seres místicos, os quais, de forma pragmática, deixarem este lugar e fizeram morada em seus respectivos planos superiores, apenas para evitarem sujar as suas mãos com o imundo sangue humano. Este lugar imperfeito não é digno de investir esforço, muito menos de ter que conviver com uns patéticos primatas.

Não obstante, nós, os Dragões, temos um senso de honra e de orgulho muito elevados! Jamais admitiríamos que meros mortais tivessem a ousadia de acharem que eles foram o motivo pelo qual decidimos abandonar esse lugar insignificante; porquanto, em resposta às tentativas de ataques deles contra nós, fizemos questão de responder-lhes a ofensiva e de aniquilá-los de forma que degustassem através do sofrimento o sabor do ódio, ira e cólera, para que, depois de derrotados e humilhados, soubessem o seu verdadeiro lugar. E que soubessem que deixamos este lugar apenas porque assim o quisemos!

O efeito colateral na mente dos perdedores foi devastador, porque nunca conseguiram lidar com o fato de que foram vencidos facilmente; e os revanchistas, que lutaram posteriormente por vingança, foram igualmente destruídos, porque conosco não há conversa com aqueles que se atrevem a medir força conosco. Por esse motivo, inclusive, é que muitos nos retratam enquanto seres sábios e poderosos e benevolentes, enquanto outros nos relatam enquanto seres fortes e malignos e entidades de todo o mal.

Do ponto de vista dos homens, essa guerra que houve entre eles mesmos e os Dragões foi vista como uma aventura com traços de heroísmo e com final trágico; do ponto de vista de Mim e dos Dragões, o que aconteceu foi meramente um massacre causado pela imbecilidade dos homens. Não temos paciência nem toleramos joguinhos subversivos de quaisquer tipos, por isso que fique entre os próprios homens essa insistência em documentar com ares de grandeza todas as atividades torpes e desprezíveis.

Muitas das vezes a pena com a qual escrevemos leva a tinta do sangue humano que foi morto pelo seu semelhante... Que pena!... Isso não é uma terrível tragédia?...

Dragão Divino – Missivos Memoriais III: Humilde Homem.

Apesar de muitos primatas homens agirem de modo primitivo e irem de encontro aos Dragões, apenas para entrar o destino de morte; muitos humanos se mostraram realmente sábios e evoluídos e prestaram o devido respeito que Minha Espécie merece. Na mesma proporção com que desrespeitamos quem nos trata com desrespeito, igualmente mostramos respeito com todos os que nos tratam com o devido respeito, contanto que eles saibam o seu devido lugar; afinal, não é porque tivemos consideração pelos humanos respeitáveis que os consideramos no mesmo nível de igualdade.

Dragões e humanos não estão no mesmo patamar: somos muito Superiores! Por conseguinte, os seres inferiores, ainda que tenham o nosso respeito, não estão isentos de nosso código hierárquico de valor. Não gostamos nem um pouco de homens que se sentem muito à vontade em Nossa Presença, porque paulatinamente passam a perder o respeito conosco e passam a achar-se no direito de cometer ousadias, como se houvesse algum tipo de intimidade; não apreciamos esse tipo de liberdade, então jamais permitimos esse tipo de disparate, porquanto pusemos os primatas em seu devido lugar.

Nunca abaixamos a cabeça para os primatas não-evoluídos nem para ninguém! E esse foi um dos motivos que eles alegarem o motivo de atacar-nos. Muito sábios e evoluídos da parte deles... Porém provam o nosso ponto! Mas quanto àqueles que compreenderem esse fato e humildemente clamaram por nossa sabedoria, fomos muito benevolentes em ajudá-los a alcançar um ponto mais elevado em suas jornadas. Por mais que não mereceis, mostramo-nos Superiores Anfitriões em compaixão e generosidade.

Caríssimos mortais, não sabeis nada a respeito de vós mesmos, entretanto jurais que sabem de todo universo; lamento que, no entanto, essa lente que usais apenas vos ajudais a ver a camada mais superficial da realidade: a verdade exige mais visão para que se veja o vislumbre do universo. Apreciamos a vossa avidez pelo processo de ascensão, enquanto mostrais o sincero interesse em deixardes de ser humano: tendo em vista que muitos dos seres místicos em um momento foram meros humanos.

Renunciai a humanidade e apreciai redenção de vossa alma ascendente!...

(Dhrakonium Lendarious)

Poeta Lendário
Enviado por Poeta Lendário em 13/09/2024
Código do texto: T8150845
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