A Mulher Fantasma
De repente, em meio à escuridão daquele salão silencioso, um vulto, um espectro, um espírito, surgiu para tocar o piano que estava quieto. Uma silhueta de mulher jovem se formava lentamente, e seus dedos fantasmagóricos começaram a acariciar as teclas, preenchendo o espaço com uma melodia suave e nostálgica.
Em uma mesa ao canto, um homem dormia, sua cabeça repousada nos braços, rendido pelo cansaço e pelo álcool. O som do piano, entretanto, o despertou. Ele ergueu a cabeça, os olhos ainda enevoados pelo sono e pela bebida. Ao focar no piano, percebeu algo estranho. O salão estava escuro, vazio, exceto por aquela figura feminina, etérea, que tocava com uma destreza hipnotizante.
Ele piscou várias vezes, acreditando que tudo aquilo fosse um efeito do álcool. Mas algo dentro dele lhe dizia que aquilo não era uma alucinação. O fantasma que ali aparecera tocava músicas familiares, melodias que ele conhecia perfeitamente. A mulher parecia querer lhe transmitir uma mensagem do além.
Ainda meio atordoado, o homem tentava se lembrar de onde conhecia aquele rosto etéreo. Seria uma amiga? Uma antiga amante? Ou, quem sabe, sua esposa, que falecera precocemente? As lembranças dançavam na sua mente confusa, mas a resposta continuava a escapar.
O homem, agora desperto, não tinha respostas, apenas um turbilhão de dúvidas e curiosidade. Jamais havia presenciado algo semelhante, mas, ao contrário do que esperava, não sentia medo. O espectro parecia familiar, quase reconfortante, como uma visita inesperada de alguém que já fora querido.
As horas avançaram, e a madrugada mergulhou profundamente na noite. O piano continuou a ecoar suas melodias, cada nota um elo entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Então, tão subitamente quanto surgira, o vulto desapareceu, levando consigo a última nota da melodia.
O homem que acordara naquela mesa ficou em silêncio. Não houve diálogo, apenas o som do piano que criara uma ponte efêmera entre dois mundos. A mulher jovem, bonita e talentosa que ali estivera, desapareceu, mas sua presença ficou gravada na mente daquele homem solitário.
Aquela experiência fantasmagórica, em que o sobrenatural se misturara ao real, nunca mais saiu de sua memória. Ele carregou para sempre a lembrança daquela mulher espectral, cujo toque no piano o ligara a uma melodia eterna, perdida entre o sono e a vigília.
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