Lista de erros
A lista já estava farta com tantos dados inseridos, mesmo que ela não fosse física, em lápis e papel, mas estava na minha memória - tristes memórias. Eu resolvi enumerar os grandes erros que cometi, e ao avaliá-los lembrei de cada um acompanhado de uma desculpa que na época fizera sentido, mas hoje vejo que a desculpa que manobrei era apenas mais um erro que deveria compor a lista. Ora, não era possível que erros se repetissem tanto na minha vida com as mesmas explicações esdrúxulas que eu criara para tirar o piano das costas.
Renomeei, não era mais "de erros", mas sim " de erros propositais", como se eu os perseguisse insaciavelmente, fingindo que fugia deles. Nossa velha mania de não nos conhecer, um cérebro tão poderoso que é capaz de nos enganar e se enganar.
E reconhecer todos eles é sim sinal de evolução, mas também o faz olhar num espelho real, e você não se vê mais belo, se vê monstro. Erros machucam outras pessoas, destroem corações, fuzilam sentimentos e saber que foi culpa sua só joga na cara o monstro que você é.
Como um filme de suspense que revela toda a verdade e te congela o coração, eu recompus nessa lista e me vi congelado encaixando as peças do ser terrível que sou, as justificativas que acompanhavam os erros caíram por terra, apodrecendo e exalando apenas o que era real.
O pior é quando se imagina: E se isso tudo que fiz é parte do meu eu? inseparável e intrínseco! Como conviver com uma verdade que te destrói e é imutável?
A todas as pessoas que estiveram diante desse eu indesejável peço desculpas pelo fardo de ter me conhecido. Eu mesmo me desconhecia. Desculpa pelos cortes que proferi em tuas almas, estou passando pela lei do retorno e me automutilando em tristeza e arrependimento.
Ao meu futuro minha promessa de inviabilizar esse eu, e fazer com que a lista já tenha tido fim com meu nome na última linha.