O CEIFADOR E O REI
Numa noite sem lua,
Quando o vento norte soprava forte, e
As palhas altíssimas das palmeiras imperiais,
Balançavam furiosamente ao redor do palácio real.
No interior do palácio,
O rei Joaquim Felipe, doente e fraco,
Governava com mão de ferro,
Agora consumido pela dor e febre.
À beira da cama real,
Onde o rei jazia, pálido e encurvado,
Um fenômeno sobrenatural ocorreu,
E um personagem sombrio se materializou.
Envolto em um manto preto com capuz,
Escondendo quase todo o corpo,
Uma caveira humana como rosto,
Com olhos profundos e vazios.
Na mão direita, um longo caibro de madeira,
Terminando em uma grande foice curva e afiada,
Ideal para ceifar vidas,
Pendurado em um cordão grosso e negro.
Uma ampulheta, o bulbo superior vazio,
O bulbo inferior completamente cheio,
Indicava que o tempo de vida do rei
Estava exaurido.
O Ceifador posicionou a foice,
Enquanto o rei, sem reação,
Observava com terror,
A lâmina se aproximando lentamente.
A foice ceifou sua vida miserável,
E uma fenda no espaço se abriu,
Revelando outra dimensão,
Um pântano sombrio e desolado.
Um rio negro serpenteava pelo local,
À margem, um barco longo e gasto,
Entalhado com figuras de rostos aterrorizados,
Na proa, uma estátua de gárgula observava.
Com um gesto impiedoso,
O Ceifador fez o rei embarcar,
Agora completamente apavorado,
Sem coroa, anéis ou poder.
O Ceifador encaixou os remos,
E começou a remar através do rio raso,
Mas assustador,
O rei tentou falar, mas não obteve resposta.
O Ceifador estendeu uma mão cadavérica,
Duas moedas de ouro caíram,
Sinal de que o ritual fúnebre
Estava em andamento.
O rei, impotente e desesperado,
Ouvia gritos, gemidos e risadas macabras,
À medida que o barco avançava,
O ambiente se tornava mais infernal.
Ao chegar à margem,
O rei viu centenas de almas,
Chamando por ele,
Com gestos desesperados.
Essas almas, que ele havia condenado,
Nas masmorras, guilhotinas e calabouços,
O aguardavam,
O Ceifador, impassível, guiou o barco até a margem.
O rei, confrontado pelas almas,
Viu o Ceifador segurando a ampulheta,
O bulbo inferior quase cheio,
E o barco voltando ao mundo dos vivos.
Enquanto o Ceifador remava,
O rei compreendeu seu destino,
Marcado por sofrimento eterno,
A amarga colheita de suas ações.
O Ceifador, com seu manto negro,
Desapareceu na neblina,
E o rei enfrentava o abismo,
Da condenação final.