Redenção (fragmento de texto II)
Uma masmorra... no ar, o cheiro de ódio e as pedras cobertas pelas marcas do tempo, o lodo, que a chuva deixou como quem larga a vida bem no meio da existência.
Mas existia algo mais: um homem, uma mulher e não havia Sol ou chuva. Não havia árvores na paisagem, somente um olhar a vagar. Eram olhos de quem busca um caminho sem o poder encontrar e procura algo de belo como o faz um cego em meio à escuridão.
Lá está aquele céu, que não parece um manto e não há sequer um canto, nem que seja o fúnebre.
Talvez caíssem raios sobre o castelo, mas isto não é o belo, nem a luz que procura, o cego, em meio à escuridão.
Não só as marcas em sua face, mas as que doem lá dentro...
A dor, a mais profunda, como chaga aberta...
Gotas de lágrimas, que nunca ousaram encobrir-lhe o rosto.
Seus amigos, jamais nasceram e seu passado, gostaria de não tê-lo!
Não há luz, não há sombra.... A vida não poderia descrevê-la... talvez erguesse a ensanguentada lança e gritasse:
"— Ei-la! Veja a vida no sangue do inimigo, derramado por sobre meus dedos!"
E ele não é menos humano do que nós, somente salta-nos aos olhos, seus erros!
Já não há som, somente dor!
Ah, os nossos erros... nós insistimos em não vê-los!