Não era.

Ele possuía a capacidade de parecer e não ser. Porque o ser lhe era escasso. E fingia. E cansava-se de fingir. E tentava ser. E fingia sendo ser. O ser lhe era fingido. O ser era o seu fingir. Ou o fingir o seu ser. E não sabia se fingia ou se era. De tanto fingir. Enganou-se. E a autoconsciência escapava-lhe. E o pensamento lhe fugia. E fingia pensar. Porque o pensar não fazia–se ser. E não era pensar, era o não-pensar. Era a irreflexão. Era a absorção. Era o não entendimento. E o vazio era. E a mimese instalava-se. O nada que era. Nada era. Nada. Acabava-se sendo na ânsia de ser. Então, era. Mas, a fagulha cognoscível apontava a verdade do não ser para si. Então, a melancolia lhe dominava. E, ela era para si um câncer que lhe consumia e o fazia lembrar a fraqueza da sua inatividade autêntica do não ser. Era a particularidade do ser, que deveria ser, que lhe era hemiplégica.

Mariizans
Enviado por Mariizans em 08/01/2024
Reeditado em 08/01/2024
Código do texto: T7971519
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