DELÍRIO FINAL
Carvalho Branco
Silêncio! É noite!
Olho, vejo trevas. Escuto, ouço nada.
Silêncio! É noite!
Noite morna. Noite negra, de uym negrume profundo, infinito....
Silêncio pesado... Silêncio, apenas silêncio...
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Surgem vozes; das trevas aparecem sombras: difusas... mais nítidas... horrendas!...
Calam-se e param: fitam-me. Meus olhos crescem; minha boca aberta, um grito sufoca.
Qual coro infernal, cantam vitória.
Gragalha louca e sem fim das bocas enormes, o cerébro me estoura, a alma me rasga.
Riem, sim, mas riem por quê?!
Riem de mim? Sim, é isso, eu sei: pensam que estou sozinha, que lhes pertenço agora...
Como são tolos!
A noite não é eterna!
O silêncio também passa!
Ele vem já!... Ele é o sol, a vida!...
Escutem... Estão ouvindo? São passos, é ele!
Riam, agora! Gargalhem!...
Ele chega, chega luz, chega o dia... Vão-se embora!...
Que frio! Ah, é a porta aberta; entre, amor, esper-te há tanto! Como tardastes!... ... ... ... ... ... ...
Ninguém!... Apenas o vento gélido bate e passa, volta e vai...
Por Deus, não riam!... Parem de gargalhar!...
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A noite é eterna
O silêncio se faz, novamente, pesado.
Enfim é a morte.
ADEUS!