Nota de falecimento

Madeleine estava sentada no confortável sofá da sala de estar, lendo uma revista, quando soou a campainha da porta da frente. Ela ergueu-se e espiou pelo olho mágico, antes de abrir. Diante dela, dois policiais uniformizados.

- Boa noite, madame. É a senhora Madeleine Fisher?

- Eu mesma - confirmou Madeleine. - Algum problema, policial... ?

- Owain Lawson, e este é meu parceiro, Harrison Pearce. Infelizmente, a notícia que nos trouxe aqui é bastante desagradável.

Madeleine franziu a testa; Pearce dirimiu a dúvida.

- Encontramos o corpo do seu marido. Pedimos que vá o quanto antes ao necrotério municipal para fazer a identificação.

- Meu marido? - Repetiu Madeleine atônita.

- Eli Fisher era seu marido, não? - Inquiriu Lawson. - Os documentos estavam no bolso do paletó dele.

- Eli... morto? - A expressão de Madeleine era de surpresa. - Como pode ser?

- O carro dele foi fechado por um caminhão na interestadual e capotou. Infelizmente, seu marido não resistiu aos ferimentos e morreu no local - esclareceu Lawson.

- Eu... não sei o que dizer - murmurou Madeleine.

- Por favor, assim que puder, vá ao necrotério - insistiu Pearce.

Os policiais se despediram cortesmente. Madeleine fechou a porta e ficou ali alguns instantes, parada, até que uma voz masculina vinda da cozinha a tirou dos seus pensamentos.

- Quem era, querida?

- A polícia, Eli - redarguiu, elevando a voz. - Deve ter sido engano.

E, voltando a sentar-se no sofá com a revista aberta ao colo:

- Disseram que você havia morrido.

Da cozinha, ouviu-se uma gargalhada.

- [20-07-2021]