Entre o caldeirão da vida e os mistérios do além túmulo

O túmulo também é uma divindade, em sua cavidade está contido o útero do descanso onde todos são acolhidos maternalmente. A morte é em sua essência feminina. Os servos necrófagos que fazem morada em covas, instintivamente são encarregados de cometer o ato antropofágico. Este grande ofício sagrado será apenas interrompido quando houver somente pó. Um chacal guia-me entre as terras escaldantes do deserto. O escaravelho tocou minh’alma. Submerso pelas águas abissais entre um devaneio e outro, sou movido por uma força divina, a mesma força que faz com que o sol torne a nascer todos os dias. A mudez da solidão é um grito profundo. Através do sagrado útero de minha mãe, choro inconsolavelmente até o momento em que os raios luminosos da vida enchem-me de alegria. A maternidade também é uma divindade.