Agnes, filha da melancolia.
Uma madrugada adentro, e as nuvens densas a dominar a atmosfera da cidade de tenebrosa deu vida a muitas formas que Agnes adorava contemplar. Estava frio, as brisas acariciavam as madeixas pretas e brilhantes de Agnes, refrescavam sua pele pálida e tocavam-lhe a alma. A doce menina perdia qualquer noção de tempo neutralizada por seus pensamentos, viciada em silêncio, passava maior parte de seus dias refletindo sobre si mesma.
Uma prisioneira de outrora, escrava de uma felicidade morta, descendente de vassalos do senhor do tempo, estava perdida dentro de sua própria imensidão, doente de tanta saudade, das palavras vãs, dos amigos que lhe tocaram a alma, e do amor nunca vivido.
Filha da melancolia, a jovem senhorita sabia que seu quadro depressivo não podia ser revertido. Suas expressões desfalecidas, sua alma agonizada, não tinha apego a objetos, e sequer projetos lhe atraia. Sua única promessa de felicidade era de poder voltar para a natureza, ouvir a dança das folhas caindo, os animais livres correndo rumo aos seus destinos enquanto ela recolhia seus ossos, toda sua matéria se desintegraria, sua alma teria liberdade em outra dimensão. Não existiria mais dor, nem saudade, lagrimas e consciência. Só a libertação de não ser!