Jogo Noturno

A brincadeira não passava de um disparate. A magnitude de nossos atos não é medida apenas pela capacidade de julgar as tolices que cometemos, mas também, por vivê-las. E só Deus sabe como eu as vivi.

Morava, na época, em um apartamento, junto de meu amigo Marcelo. Usarei, aqui, a desculpa de que todos os momentos de lucidez (leia-se embriaguez) foram motivados pela proximidade de nossa casa ao bar. Atravessar a rua; motivação geográfica. Foi em um desses momentos em que conheci Bruna. Ela, uma mocinha de vinte e tantos anos e um sorriso de olhos fechados. Veio com um papo de ser bruxa. Comum, eu diria. Nos dias de hoje é comum se deparar com uma bruxa esotérica. Eu não era suficientemente ingênuo para tentar desmenti-las e nem tão inocente para não acreditar. A alma dela ardia e eu conseguia ouvir as fagulhas crepitando em seu peito.

Trecho do conto Jogo Noturno

o qual escrevi mas não me lembro

o qual vivi mas não me esqueço.

Neste dia específico, eu bebi demais. Talvez, por isso eu alguns detalhes tenham ficado nebulosos em minha lembrança.

MIHELL
Enviado por MIHELL em 03/02/2021
Código do texto: T7175651
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