Jogo Noturno
A brincadeira não passava de um disparate. A magnitude de nossos atos não é medida apenas pela capacidade de julgar as tolices que cometemos, mas também, por vivê-las. E só Deus sabe como eu as vivi.
Morava, na época, em um apartamento, junto de meu amigo Marcelo. Usarei, aqui, a desculpa de que todos os momentos de lucidez (leia-se embriaguez) foram motivados pela proximidade de nossa casa ao bar. Atravessar a rua; motivação geográfica. Foi em um desses momentos em que conheci Bruna. Ela, uma mocinha de vinte e tantos anos e um sorriso de olhos fechados. Veio com um papo de ser bruxa. Comum, eu diria. Nos dias de hoje é comum se deparar com uma bruxa esotérica. Eu não era suficientemente ingênuo para tentar desmenti-las e nem tão inocente para não acreditar. A alma dela ardia e eu conseguia ouvir as fagulhas crepitando em seu peito.
Trecho do conto Jogo Noturno
o qual escrevi mas não me lembro
o qual vivi mas não me esqueço.
Neste dia específico, eu bebi demais. Talvez, por isso eu alguns detalhes tenham ficado nebulosos em minha lembrança.