Mandrágora
Era sabido naqueles dias da Idade Média que, onde repousavam pendurados os corpos dos enforcados, brotava na terra uma raiz mágica chamada mandrágora. Iselda aprendeu com sua mãe que, nos últimos estertores, os enforcados ejaculavam o esperma que fecundava a terra, transformando-se no elemento que servia para evocar o Diabo. Formada numa antiga tradição de bruxas, ela fez tudo conforme ensinava o Grimório: o círculo, o caldeirão fervente, as palavras ancestrais, a oferta de sangue e, por fim, a sagrada raiz, que se parecia com um pequeno homúnculo de cinco pontas. O cheiro de enxofre no ar anunciou uma presença maligna:
- Mulher, aqui estou. Faze teu pedido...
- Quero que me faças homem.
E assim foi feito. Ela se tornou um lindo moço chamado Isar, que matou um desafeto pelo amor de uma donzela. Certa de que viveria melhor como homem, a bruxa acabou sentenciada à forca. Do seu estertor, brotou uma nova mandrágora...