O quarto fechado
A porta estava fechada, e quando eu pus minha mão na maçaneta, senti medo pelo que poderia encontrar do outro lado.
- Você está com a chave? - Indagou Michael, sentindo a minha hesitação.
- Não está trancada - redargui, girando a maçaneta.
Uma réstia de luz passou pela fresta entreaberta, revelando os contornos de móveis empoeirados. Tomei coragem e escancarei completamente a porta.
- Parece um quarto de despejo - avaliou Michael, um tanto decepcionado.
- Não achou que haveria alguém morando aqui depois de todos esses anos, não é? - Questionei, tentando aparentar despreocupação.
- Julie disse que o vulto entrou nesse quarto - insistiu Michael.
- Começo a me questionar se Julie viu realmente alguma coisa - repliquei. - Essa casa está fechada faz anos, e esse quarto em particular não é habitado desde...
Parei de falar. Alguma coisa parecia rastejar no meio dos móveis velhos empilhados caoticamente que preenchiam quase todo o espaço. A luz que vinha do corredor não era suficiente para iluminar até o fundo do aposento e a única lâmpada que pendia do teto estava queimada.
- Thomas... - murmurou Michael ao meu lado.
Às nossas costas, a porta bateu com uma pancada, como se houvesse sido fechada por um vento forte. Mas não havia qualquer corrente de vento dentro do quarto.
Na escuridão que se formou, uma voz soturna ribombou em nossos ouvidos:
- Vocês só saem daqui depois de arrumar toda essa bagunça!
- [23-08-2020]