Eu Vi o Demônio do Vilarinho

Preparei o mais belo vestido disponível no armário, o mesmo tem a cor que destaca o céu num dia ensolarado, juntamente, coloquei um laço para combinar com a tonalidade. Estava bela, sabia que à noite seria um espetáculo como de costume.

A dança sempre foi um alvo sensual e divertido, sempre gostei do mesmo, e na quadra onde costumamos a dançar, é o meu estímulo de liberdade, minha vontade de querer àquilo que não consigo ver sobriamente. Naquela noite, vi que estava mais radiante do que se esperava, muita música boa, pessoas sorridentes e muuuita dança, dancei bastante. Quando estava recuperando o fôlego, chegou um homem alto, beleza irreparável, loiro, olhos claros, muito elegante, usava um chapéu côco... Enfim, admirável! Não teve um que ignorou sua presença. Ele começou a dançar de uma forma frenética e bem elaborada; nível profissional, porém ao mesmo tempo excêntrico, sensual. Quando acabou a música em que ele dançava, olhou diretamente para mim, sem hesitar, como se soubesse quem seria a sua parceira... Ele veio confiante, estendeu a mão e, sem pensar duas vezes, fui com ele ao centro da quadra. Começamos a dançar 'Great Balls of Fire', e tentei acompanhar seus passos olhando para seus pés, e percebi que os mesmos eram bem pequenos, desproporcionais a sua altura... Continuamos a dançar, em meio a agitação, acabei esbarrando minha mão no seu chapéu, deixando o mesmo cair no chão, quando ele abaixou para pegar o mesmo, reparei dois chifres pontiagudos vindos da sua cabeça, olhei rapidamente aos seus pés que agora eram cascos de bode.

— MINHA NOSSA! É O SATANÁS! — gritei

Houve um alvoroço, tremenda perseguição ao homem bode que estava ali, exalou o forte cheiro de enxofre por toda parte e ele sumiu feito fumaça após passar pela portaria.

Naquela noite o demônio dançou comigo.

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 31/03/2020
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