Alice no país da melancolia V
Alice demorou tanto a dar notícias que incomodou alguns vizinhos e curiosos. Depois daquela viagem mal sucedida ficou mais quieta, recatada, deixou de postar em suas redes sociais. Mudou sua rotina completamente.
Seus filhos conversavam entre eles que alguma coisa havia acontecido com a mãe deles. No trabalho, os colegas perceberam que havia algo de errado com Alice.
A supervisora do hospital, onde ela trabalhava a intimou para uma conversa particular. Ela manifestou surpresa e indagou:
- Eu estou fazendo algo errado?
- Não, todos seus colegas e eu achamos que você está diferente, está acontecendo alguma coisa?
- Não está acontecendo nada, posso voltar para meu trabalho?
- Sim, mas quando quiser conversar, pode contar conosco, todo nós aqui gostamos muito de você e queremos seu bem.
Alice levantou e saiu rapidamente e foi para a sua sala, estava com uma sensação estranha, queria voltar pra casa logo. Queria acabar com aquilo, mas não sabia como.
Alice estava em uma situação tão desconfortável que nem ela mesma sabia responder sobre tudo o que estava acontecendo.
Deixara de ir a igreja, evitava o máximo em receber as visitas dos irmãos, trocou o número de seu telefone, tinha enxaqueca todas as noites e só dormia a base de calmantes.
E sobre o relacionamento com o Jorge, o mistério imperava, não era da conta de ninguém que os dois ainda dormiam ou não na mesma cama.
Jorge levava a vida como se sua rotina estivesse normal, disfarçava bem, mas no fundo estava infeliz, não havia sexo entre eles, ou qualquer outra intimidade, conversava o indispensável, faziam compras juntos, e às vezes a levava no trabalho, nada além disso.
Aquela mulher libidinosa, agora estava vivendo um ostracismo, havia se fechado para um mundo e para o prazer de forma geral, menos para comida. Nesse período Alice desenvolveu uma compulsão por doces e chocolates que em alguns meses aumentou seu peso em 10 kg.
Certa vez, Alice ficou desesperada depois de procurar e não encontrar seu ansiolítico. Jorge e os filhos caçoaram dela. Então, saiu sozinha de carro, estava aos prantos, sentia dores e aperto no peito e as batidas de seus coração aumentaram. A respiração estava ofegante e também sentia falta de ar, suava frio, suas mãos e pernas tremiam. Uma sensação de fraqueza, boca seca, náuseas, desespero tomavam conta de seu corpo e de sua mente.
Dirigia como uma louca, tarde da noite pela cidade, sem rumo, chorando como se estivesse indo ao matadouro. Alice queria por um fim naquela situação. Como não conseguira que Jorge concordasse em assinar o divórcio, perdera a esperança de viver e ser feliz. Tudo que queria era desaparecer.
O seu filho caçula ligou preocupado, pediu que ela retornasse. Ela voltou pra casa, mas a melancolia continuava.
Ela ainda tinha uma chance para tentar resolver as coisas, tomar decisões que poderiam mudar sua vida para sempre... (continua)
Alice demorou tanto a dar notícias que incomodou alguns vizinhos e curiosos. Depois daquela viagem mal sucedida ficou mais quieta, recatada, deixou de postar em suas redes sociais. Mudou sua rotina completamente.
Seus filhos conversavam entre eles que alguma coisa havia acontecido com a mãe deles. No trabalho, os colegas perceberam que havia algo de errado com Alice.
A supervisora do hospital, onde ela trabalhava a intimou para uma conversa particular. Ela manifestou surpresa e indagou:
- Eu estou fazendo algo errado?
- Não, todos seus colegas e eu achamos que você está diferente, está acontecendo alguma coisa?
- Não está acontecendo nada, posso voltar para meu trabalho?
- Sim, mas quando quiser conversar, pode contar conosco, todo nós aqui gostamos muito de você e queremos seu bem.
Alice levantou e saiu rapidamente e foi para a sua sala, estava com uma sensação estranha, queria voltar pra casa logo. Queria acabar com aquilo, mas não sabia como.
Alice estava em uma situação tão desconfortável que nem ela mesma sabia responder sobre tudo o que estava acontecendo.
Deixara de ir a igreja, evitava o máximo em receber as visitas dos irmãos, trocou o número de seu telefone, tinha enxaqueca todas as noites e só dormia a base de calmantes.
E sobre o relacionamento com o Jorge, o mistério imperava, não era da conta de ninguém que os dois ainda dormiam ou não na mesma cama.
Jorge levava a vida como se sua rotina estivesse normal, disfarçava bem, mas no fundo estava infeliz, não havia sexo entre eles, ou qualquer outra intimidade, conversava o indispensável, faziam compras juntos, e às vezes a levava no trabalho, nada além disso.
Aquela mulher libidinosa, agora estava vivendo um ostracismo, havia se fechado para um mundo e para o prazer de forma geral, menos para comida. Nesse período Alice desenvolveu uma compulsão por doces e chocolates que em alguns meses aumentou seu peso em 10 kg.
Certa vez, Alice ficou desesperada depois de procurar e não encontrar seu ansiolítico. Jorge e os filhos caçoaram dela. Então, saiu sozinha de carro, estava aos prantos, sentia dores e aperto no peito e as batidas de seus coração aumentaram. A respiração estava ofegante e também sentia falta de ar, suava frio, suas mãos e pernas tremiam. Uma sensação de fraqueza, boca seca, náuseas, desespero tomavam conta de seu corpo e de sua mente.
Dirigia como uma louca, tarde da noite pela cidade, sem rumo, chorando como se estivesse indo ao matadouro. Alice queria por um fim naquela situação. Como não conseguira que Jorge concordasse em assinar o divórcio, perdera a esperança de viver e ser feliz. Tudo que queria era desaparecer.
O seu filho caçula ligou preocupado, pediu que ela retornasse. Ela voltou pra casa, mas a melancolia continuava.
Ela ainda tinha uma chance para tentar resolver as coisas, tomar decisões que poderiam mudar sua vida para sempre... (continua)