O homem da escuridão

É tão difícil levantar-se. Parece que tem um peso nos ombros e em cada parte do meu corpo fazendo com o que, simples ato de levantar do sofá seja uma luta. Desanimo, indiferença, apatia... Parece que todo o meu prazer foi sugado e ficou como um drogado sofrendo de abstinência, buscando um pouco de alegria, de prazer em qualquer lugar. O vazio que tenho dentro do peito se preencho com cigarro e bebida, mas a fumaça se dissipa e o álcool evapora e tudo volta ao iniciou. Como um alcoólatra que bebi o perfume, ou a garrafa de etílico, busco um pouco de prazer em futilidades e views. Como louco renuncio ao orgulho que troco por 1h hora de prazer. O vicio sempre esteve presente na minha vida, seja, pelo café, açúcar ou sorrisos, caminhei na vida trocando de vícios como quem troca de roupas. As doses vão aumentando e uma noite de prazeres, não é mais suficiente. Caminho entre homens, logo eu que um dia fui um deus adorado e adornado expulso dos templos divinos, obrigado a mendigar adoração, obrigado a viver entre humanos, a respirar o mesmo ar, a engolir palavras que fariam cabeças explodir. O tédio é a palavra do dia, é a palavra de todos os dias. O cinza é a cor das minhas lentes e o glaucoma a doença de meus olhos. Tudo é tão sem sabor. Estou sozinho, me sentindo dentro da escuridão, no estomago de meu pai, desprezado pelos meus irmãos. Um dia todos me temiam, no outro fui esquecido. Tudo agora que tenho é uma vida entre os morte, embalsamando e limpando corpos. Fadado a esperar pelo som da ambulância, anunciando a chegada de Caronte.

Luiz Eduardo Lopes
Enviado por Luiz Eduardo Lopes em 26/03/2019
Reeditado em 23/10/2021
Código do texto: T6608279
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.