O DOCE ABRAÇO DA ESCURIDÃO
E eis que ele conseguiu, finalmente, olhar fundo nos olhos do abismo e ser igualmente olhado por ele em sua profunidade. Ao fazê-lo, ouviu o convite que tantas vezes lhe chegara à concha da alma, mas que ele nunca conseguira entender devidamente:
- Salta! Agora!
Não foi necessário repetir o chamado.
Sem titubear, projetou-se na escuridão e se fez um só com as trevas. E nelas não encontrou nem dor, nem medo e nem morte. Apenas uma sensação única de finalmente pertencer aonde sempre pertencera. De ser o que sempre fora, o que sempre desejara ser, mas jamais se permitira...