Rosa
“Ano de 1932
Era uma manhã fria, chovia desde o começo da manhã o que deixava as estradas completamente encharcadas, uma nevoa encobria a cidade por completo. No entanto, foi nessa manhã que o filho de um dos maiores fazendeiros do país resolveu sair para dar um passeio.
Ele era conhecido por ser estranho, gostar de andar por aí na chuva e cantarolar para as paredes. Nada disso é relevante, contudo, para explicar os fatos que se seguiram naquela manhã chuvosa. Os pastos estavam encharcados e os cavalos estavam dormindo na cocheira. Nenhum barulho exceto os paços das botas de veludo do jovem que entrava no estábulo lentamente. Trazia consigo uma foto em preto e branco de uma jovem com sorriso misterioso, cabelos castanhos escuros, olhos da mesma cor e uma expressão que continha várias interpretações.
O jovem subiu em uma das portas que prendiam os cavalos e se içou até uma das ripas de madeira que sustentavam a cocheira. Ele se sentou em cima dessa ripa e apanhou um revolver que estivera escondido ali justamente para essa ocasião. Lançou uma corda que estava enrolada a frente no madeiro, previamente preparada para a manhã e saltou da madeira de volta para o chão do celeiro.
Segurou a foto entre os dedos antes de coloca-la no bolso do paletó outra vez. Caminhou resolutamente, falseando seu nervosismo interno. Dirigiu-se até uma casa enorme no meio do terreno enorme da fazenda. Não pediu licença ou foi apresentado por ninguém. Apenas adentrou os corredores e as salas em direção ao seu objetivo.
Encontrou uma moça sentada num caramanchão numa das salas, a levou pelo braço, era a moça da foto. Aquela moça não protestou como se soubesse de tudo somente de olhar para a expressão do rapaz que a conduzia. Seguiram juntos e em silêncio até outra casa onde uma aura de ansiedade envolveu os dois.
Naquela tarde foram ouvidos dois tiros. Um deles matou Joseph.
No seu paletó foi encontrado um bilhete no dia do enterro, junto ao caixão estava a jovem do sorriso misterioso da foto. Embora estivesse vestida completamente de preto, em seu rosto nenhum sinal de lágrimas se podia encontrar, ela admirava o corpo daquele jovem imóvel como se ele estivesse apenas dormindo.
Um homem com feições quase que idênticas as do jovem morto, entregou a ela o bilhete sem proferir nenhuma palavra. Ele dizia mais ou menos assim:
‘Gabriela, entre mim e Rosa não acontece nada, dei a ela uma simples rosa, porque Pedro pediu-me isso semana passada. No entanto, descobri que você e Pedro tem se encontrado quando não estou presente. Apesar de tudo, amo-te. Joseph’
Gabriela, assim que leu o bilhete nada lhe faltou para que se rompesse em lágrimas.”