Enredo
[...] Sempre se considerara ou tolo, ou prático, mas o que era desta vez? Tolo demais? Prático demais?...
Algo não se encaixava, algo que ele não podia apontar... algo que decerto pendia logo abaixo do seu nariz e do que o mero pensamento bastava para o tresloucar.
O que não percebia era que, em sua impaciência, deixara escapar uma pista imprescindível, talvez a maior de todas. Não percebia que sua maratona precipitada levava-o à ruína, e que seus passos claudicantes conduziam-no a seu algoz.
[...]
Era apenas questão de tempo agora. Via-se preso em seu labirinto, onde teria finalmente a solução de sua charada. Temia saber o que o esperava à frente, conquanto tremesse ao ignorá-lo, mas já não podia olhar para trás. Todos os antigos caminhos haviam se torcido em novas escolhas que ele não ousava tomar. Todas as saídas pareciam rir-se ao se desdobrar em novas entradas.
Entradas... entradas...
Entradas a mais caminhos sofridos e tortuosos, mas sobretudo... inevitáveis entradas! Havia algo de irrisório naquele momento, na fragilidade do momento, e o irônico abatia-se sobre sua espinha como um torpedo sobre hostes belicosas.
Por dois segundos, a fatalidade congelante fora suplantada por uma torpe noção de galhofa, e seu rosto inevitavelmente contraíra-se num terrível esgar de riso, e bastaram-lhe os dois segundos para que a insânia findasse-o como roto.
[...]