Que tiro foi aquele...?
Apesar dos protestos de mamãe, sapequei três tiros no intruso. Passava de onze da noite e, embora fosse a minha primeira vez a empunhar um revólver, um Rossi 22, eu estava determinado a repelir a invasão, e ver sangue correr em borbotão.
A distância entre o invasor e a ponta de meu braço não chegava a quatro metros. A única coisa que me preocupou, mas não me parou, foi um grito, de homem, que ouvi a cerca de uns 200 metros à frente, após o barulho seco da bala de encontro a um obstáculo intransponível.
O grito ecoou no breu, e bem claro o entendi eu:
Tão querendo me matar!
Meu alvo contudo, era bem mais próximo, e descarreguei mais duas balas. Com três outras ainda no tambor, comecei a ver a inutilidade de minha bravura.
Com três tentativas, falhara. Mas tinha que consumar meu ato. Armei-me do que estava mais a mão, um rodo e parti para cima do infeliz. Que escapou por mais um triz, e quando sob o matagal num lote vago se meteu, ai foi que fedeu. E, por gambá, escafedeu.
No dia seguinte, a conversa na fábrica não era outra senão a misteriosa tentativa de assassinato de Raimundo Pau de Sebo que só não soube esclarecer se estava indo para, ou vindo da, zona boêmia.