BAILARINA

Estefani era uma menina moça sonhadora que sonhava dançar para todos os povos, uma dança que levasse a paz. Que as pessoas ao verem dançar sentissem felizes e em harmonia. E ela descobriu que sua vocação estava direcionando-a a ser bailarina.

Numa modesta cidade no interior de seu país, a bela moça iniciou se aprendizado no mundo do balé. Era de uma leveza magnífica, de uma serenidade prodigiosa. Quando ela deslizava pelos palcos passando pelas ribaltas, mais parecia nuvens de algodão sendo levadas para o oriente pelos dos ventos da primavera.

Quando se tornou moça feita, bailarina profissional, Estefani cada vez mais se deslizava nos palcos, agora por Viena, Salzburgo, Paris, Marseille, Lyon, Moscou e tantos outros. Ao som das mais belas valsas, a encantadora bailarina levava o nome de seu país para toda Europa. Com seus dedos finos de suas mãos harmoniosas, pareciam indicar o caminho do amor e da paz.

Numa bela noite, depois da sua estupenda apresentação, uma menina russa adentra ao camarim e diante da bailarina já um pouco cansada, olha profundamente em seus olhos lhe diz:

- quero ser uma bailarina como você.

Estefani simples, humilde e de uma habilidade profissional formidável, foi logo dizendo assim:

- Os botões na primavera abrem-se e desabrocham as mais lindas flores. Mas para chegar até esses botões, todos os pés passaram pelas tesouras, pelos garfos que deixam fofo o solo. Eles foram moldados, lapidados e treinados para sentirem dores. A terra para ser fofada fez as raízes passar por horrores.

As flores com seus perfumes vão exalando os seus mais belos perfumes. Continuam sendo podadas, suas raízes entortadas, machucadas. Pois as raízes ninguém as vê, ficam escondidas nos calabouços do terreno. Para que o conjunto harmonioso transmita sua beleza e sua mais bela fragrância.

Olha meus pés, estão todos retorcidos, ossos ressaltados, tudo isso para que a dança traga a paz, a harmonia e transforme os corações. É preciso que meus pés sejam raízes para que sustentem essa harmonia na imensidão. Mostro-lhe esse pé, depois desses longos anos, veja como ainda sofre a cada apresentação, agora o outro não tem como mostrar não.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 15/08/2017
Reeditado em 15/08/2017
Código do texto: T6084669
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