Em casa
Noite. Não havia pessoa alguma na rua. Ela caminhava e a neblina, comum em noites de inverno, cobria tudo. Sentia frio. Árvores a assustavam. Passava por aquela mesma rua sempre e nunca, mesmo com chuva, o medo e a solidão lhe fizeram companhia. A imaginação, às vezes, age contra as pessoas. Ainda faltavam vários passos até sentir-se segura.
Lembranças absorveram seus pensamentos. Havia uma certa distância entre o presente e suas recordações, porém ela sabia que eram recentes. Seus pensamentos a consumiam. A ansiedade e a insegurança a confundiam. Fechou os olhos por alguns poucos segundos. Abriu-os e não entendeu o que via. Calçadas estreitas e, em lugar de casas, havia túmulos à sua direita e à sua esquerda. Muitos deles.
Como foi parar ali? Será que, por causa da neblina que atrapalhava a visão até há pouco tempo, teria se desviado do curso? Todavia, tinha apenas fechado e aberto os olhos um pouco mais de um segundo!... Além disso, não se lembrava de cemitérios perto de casa. Afinal, que lugar seria aquele?
Continuou a caminhar. O pavor tomava conta dela. Não entendia o que estava acontecendo. Foi quando viu, bem à frente, onde a ruela acabava, o túmulo de uma mulher. Notou que era visitado, pois flores o enfeitavam. Que alívio! Havia encontrado seu lugar. Estava, enfim, em casa.