A FONTE ato17

A FONTE ato 17

Tarde para entrar no hemisfério

onde a certeza tinha riscos planejados

vidros escuros do outro lado

ninguém parecia ninguém podia

ver o fundo vermelho dos olhos

tarde para mentir sobre o espírito

ele morreu de verdades lá em cima

onde quem dorme nega

não queria ver o amor ser destruído

caiu na terra queria abri-la

trazer de volta tudo que parecia

ser a única vida que ele tinha

o filho preferiu adormecer

onde o gosto do útero colhia

pedaços do mundo

seu coração ainda batia fraco

ainda batia desabando

aquele mundo conhecido

ainda batia do mesmo tom falecido

regando de lágrimas para ver

se algo dela podia senti-lo

busca-lo leva-lo ao infinito

correr sobre o vento nos campos

comer das silvestres frutas

troncos em forma de santos

tinha papiro para escrever

as oratórias das melodias

que cantavam pra dormir sobre a grama

quem ama está envolvido

não conhece quem amou

e quer ver de volta o primeiro dia

quer de volta o primeiro dia

ele está escorregando segura

nas rochas com força

pode atravessar por debaixo

das águas elas são todo o pranto

que o manto de terra cobriu

ela ainda estava viva lembra

das mãos orando aos céus

lembra do rosto dizendo eu te amo

lembra do dorso das veias

do fluido de sangue querendo

sair na forma de um grito violento

está vendo o que está sentindo

nos teus lábios agora falando

fino como a chuva do outono

atemporal propondo um funeral

que nunca teve

ela nunca teve

mas te viu caminhando sobre

seu corpo por onde andava

levando seu filho amado

consigo revelado como contínuo

nascimento do próprio ego

está cego de tudo

por isso vê abismos onde

transborda o mundo conhecido

do filho que lá em cima não acorda

não acorda... quer a corda

que guia sobre a ponte

ela são as serpentes queimadas

no fundo do fosso

quando livrou teus pés

do encontro planejado

matou o gargula com cabeça

de humano estava pronto

pra cortar as cordas

elas agora não existem mais

não mais existem onde possa

amarrar tua cintura p'ra não cair

terá que ir em frente

sobre as madeiras podres

elas te pertencem são teus pesadelos

teus segredos desde que partiu

de quem pariu e ainda sente

o gosto da placenta

foi o que buscou logo adiante

quando perdeu ela pr'a sempre

não aceitou o destino

quiz amar de novo quiz o mesmo

remédio que matava tua fome

lembra?.....ela falou teu nome

antes de virar o rosto

ficando exposto os olhos abertos

e tu gozava...não ouviu o nome

que ela chamava?

procura na ponte quando atravessar

terá que falar diante do abismo!

MÚSICA DE LEITURA: DOPELORD - Preacher eletrik

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 18/11/2016
Código do texto: T5827004
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