A FONTE ato 14
A FONTE ato14
Torna-te a carta que veio d'onde és
torna-te o máximo das forças
que ninguém viu que são suas
que ninguém viu estão no espírito
ninguém colheu os frutos eles
eram maduros intransponíveis
mágico secretam dogmas antigos
no berço ainda há ouvidos dizendo
sobre o amor mais claro mais rico
o amor da mulher que era inisível
no sensível das mãos estava o apego
regado a lamúrias de infância
quem era aquele outro que acariciava
quem era o outro atrevido
que a beijava e ficava fitando-me
não era quem pensava
ele também está escondido dentro
e lamenta muito teu suicídio
quando partiu partiu ela em duas
ela queria outro nascimento igual
não havia paz na tua saída
ela queria viver perto do que
foi até o cemitério como um mal
que ainda carrega no asilo
onde balança sua cadeira
olhando de certo o horizonte
tão escuro por que ficou cego
ouve os uivos da solidão cantar
aquele teu choro sem voz
saindo perdido de encontro ao nada
porque deixou tudo
porque deixou dela
porque deixou o único mundo
conhecido onde a muralha parecia
a sombra da eternidade
a sombra dela ainda caminhava
desde a vinda do filho que dorme
ela ainda caminhava
ele dorme a profundeza da agonia
ela pode estar morrendo agora
desce as cachoeiras vivas respingam
ácido no solo pedregoso
dizendo olhe abaixo olhe o fundo
nunca olhou em volta
nunca viu a ternura daquelas
fábulas contadas no cuidado
do lar nas flores que nasciam
pra serem plantadas na mesa
como adereço quando chegava
não entendia da força do amor
ela não servia para ser trocada
ela lhe deu o filho seu pseudônimo
um apelido de pernas e corpo
pra andar no mundo que dissolvia
sua miséria que dormia
na lápide todos os dias
foi morar perto dos mortos
p'ra tê-la todos os dias
as vezes durante a noite
tinha orgasmos junto nome
que lembrava a fome que sentia
próximo dela quando dela
tinha os braços e o colo pra sempre
pensava pra sempre vai ser assim
por isso não vê o fundo
a alma tão bela oferecida como
um Deus prometido como um santo
que alguém havia de gloriar por reza
tinha sua casa sua morada
mas não via o amor numa pintura
sobre um quadro moldado nos
olhos dela nos olhos dela
está perto dos olhos dela
eram estes azuis-claros das lástimas
que derramam ainda na cova
são por baixo a lama
onde estava preso no veneno
que encontrei dentro da tua alma
despertei pelo sangue tão doce
vermelho-rubro como se fosse
uma ceia chegando ao prazeres
do submundo onde estou condenado
por esta cruz que leva sobre o peito
símbolo que estranha uma pele áspera
do único herdeiro do meu algoz real
nada temo por este metal vulgar
no corpo de quem me deve a vida
que agora posso fazer ver
a vida que fez morrer
poderia ter me deixado na masmorra
dos condenados estou sorrindo
no ânimo do inferno somos a mesma
coisa a mesma essência o pomo
do teu corpo foi por mim escolhido
agora somos de verdade unidos...
eu te renego onde estão as faces
que podem descobrir os olhos dela
não vejo nada além das pedras
não senti nada no calice tomado
no calice do jarro não havia nada
que não fosse as mesmas águas
que caem de onde não sei de onde
de onde vem aquelas mágoas
porque são doces como mel
e tem este fel falando do meu íntimo
o signo desenhado nas pedras
lembram círculos e setas desenhadas
no meio desenhadas ainda em circulo
menores atravessadas por listas
parecendo as cruzes ele olhava o peito
a sua estava diluida estranha
havia ferrugem crescendo
não entendia eram joias puras
não havia mais uma cruz
era outro simbolo
e o caos domina sua atenção
enquanto o vermelho-rubro descia
sobre os pés dilacerados
pensava que era sangue escorrendo
quando olhou acima...adormeceu
ele está a um palmo do precipício
o sonho pode golpear sua vida
não descobrirá a saida...
irá morrer dentro dela?
MÚSICA DE LEITURA: SUNNO - AGHARTHA