A FONTE ato 8

A FONTE ato 8

O crime escondia o ciúme tardio

o segredo do útero era a mentira

de tudo que estava vivendo até então

o crime ultrapassa o medo de tê-lo

feito do proveito na hora macabra

lá fora sente o cheiro de terra

misturada com carne ainda gritando

explora o grito de caça dos bichos

olhando pra um céu abrigado

nas nuvens parecendo poeira

pintava de cinzas o inferno

reluzente que sentia ao dormir

para sempre alguém indefeso

agora indefeso não reconhece

o paradeiro do acaso

da terra fria por baixo

do gosto obsoleto da lápide enterrada

as raizes que findavam tempos

comiam de vermes caindo

sobre seu rosto amargurado

da amargura contraida como

a verdade que destruia a verdade

que destruia a verdade destruída

na verdade que passava sem vento

que ficava dizendo soprando

ascendendo as chamas daquelas

luzes fracas nos olhos temperadas

com sangue inocente sangue inocente

inocente lágrima de passaro

mal sabia do encanto violento

de quem por ciúme teve de suas asas

de suas asas aquelas asas livres

conheciam o ar límpido ela

conhecia o fluxo límpido

do coração de seu filho

ela gritou o nome de seu filho

na tarde escurecida nos olhos

adentrando a terra

ela gritava o nome de seu filho

quem me dera não ter tido

ela gritava rouca como louca

pela vida de seu filho

ele duvidava quando sorria

em gargalhadas implorando

que ela ainda viva mais um pouco

ele não terminou de gozar seu

ritual sobre ela

vendo as raizes brancas pingarem

um liquido claro enlouquecia

eram ácido fumaça perto

de onde estava chegando perto

de onde estava cuspia brumas

pesadas mal respirava alguém

chegava perto de onde estava

vendo as raízes subindo desaparecendo

alguém descia devagar

perto demais de onde estava...

...ele estava cego.

MÚSICA DE LEITURA> SUNNO - ETERNITY