Caminho sem volta (Esperando a morte)
Andando tranquilamente pela rua deserta, com as mãos no bolso, cabelo oscilando no vento. A única luz que há é a de alguns postes. Não há lua, nem estrelas, nem esperanças.
Caminho tranquilamente, como alguém que espera a morte. O frio congela minhas mãos, o silêncio é sufocante, mas ao mesmo tempo também há uma leve tranquilidade. Quando tudo havia se tornado tão vazio?
03:00 da manhã. Um homem caminha calmamente por uma rua deserta, com roupas não apropriadas. Ele sabe que daqui um tempo esse frio irá matá-lo, mas isso não o atormenta, não o exalta, na verdade, é possível ver uma ligeira felicidade pela situação. Esse homem consequentemente é eu, um tanto perdido, um tanto solitário, um tanto paciente.
Minhas mãos estão dormentes, meus pés se arrastam, sinto que meu corpo todo está morrendo. Caminho por essa rua escurecida, com uma única convicção: vou morrer. Mas, não grito, não surto, a ideia é agradável, não me magoa. Essa convicção me faz continuar caminhando rumo ao nada. Que dia horrível para se morrer, não é? Não há estrelas, nem lua, nem sentimento. Há apenas um céu cheio de nuvens, um tempo insuportavelmente frio, e certeza. A certeza de que não estou dificultando nada. Não mais. Então, caminho, até que em um certo ponto eu estanco, como um carro que do nada acaba a gasolina. Fico imóvel, e contemplo minha última visão de uma rua escura, um caminho sem volta. E então, essa escuridão me preenche.