Abismo

O garoto permanecera imóvel perante a ventania que se punha contra ele. Começava a andar em passos lentos, olhando sempre em frente, firmando sua decisão de não olhar para trás. Seu corpo machucado e sujo com seu próprio sangue. Pior que seus machucados físicos era a dor que dilacerava seu coração. Seus pés se punham descalços sobre a terra seca que repousava sob ele. Pés estes que já não sustentavam o peso de seu corpo, pois encontravam-se machucados demais para continuar, porém, já não podia mais parar, se parasse nunca se perdoaria, não suportaria conviver mais com seus fantasmas, então, forçava-os a sustentarem-no uma última vez. Como que de relance seus pés param. Seus olhos estavam afundados em tristeza e solidão, e não se via mais vida neles. O garoto enfim encara o abismo logo abaixo de si, a sua frente. Bastaria um passo para acabar com tudo aquilo, apenas alguns centímetros separavam-no de seu reconfortante fim, o que findaria sua existência junto a todo sofrimento e dor que lhe pesavam o peito. E então uma última lágrima cai de seus olhos, que mesmo envoltos a uma densa escuridão emitiam uma fina luz de esperança. Seus lábios se contorciam em um pequeno e singelo sorriso. Seus pés se movem novamente em um último passo e logo ele pende seu corpo para frente, abre os braços e desaba na profunda escuridão, sendo engolido pelas trevas do abismo...

Teodor
Enviado por Teodor em 19/03/2016
Reeditado em 19/03/2016
Código do texto: T5578685
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