Boa Garota

Ela é uma boa menina. Durante seus 17 anos de vida, sempre fez o possível para se dedicar ao bem estar de todos. Distribuía comida para os necessitados a cada 3 noites na semana. Resgatava e ajudava cães de rua a achar lares confortáveis que fossem oferecer amor e carinho. Vai para a igreja todos os domingos, mantém boas amizades, notas excelentes. Sua família sempre a coloca num pedestal diante de todos, sua irmã a vê como o maior exemplo de vida capaz de existir. Quer ser psicóloga, ter 3 filhos, nunca namorou e já sonha em se casar.

Mas agora, amarrada, violada, ensanguentada, nada disso importava. Sua existência se resumia a dor, o único olho que conseguia abrir vestia-se do mais puro desespero. Já não sabia quanto tempo estava ali, nem se era dia ou noite. Sua única certeza era de que estava viva, viva o suficiente para odiar com cada partícula do seu ser o fato de ainda respirar. Ela é uma boa menina, todos os seus dedos estavam quebrados. Ela é uma bondosa e gentil garota, sua roupa estava encharcada de sangue. Ela prega a paz, o amor e respeito acima de tudo. Mas eles voltaram, um deles com o machado enferrujado nas mãos. Mais de quatro golpes foram necessários para, enfim, desprender sua cabeça do resto do corpo.

Ela era uma boa menina. Mas nada disso importava.

Rodrigo Gouveia
Enviado por Rodrigo Gouveia em 03/11/2015
Reeditado em 03/11/2015
Código do texto: T5436384
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