Fragmentos de Erros
Nada mais eu enxergo. Tudo está escuro, e frio. Sequer sei dizer onde estou. Sinto algo saindo de mim. Estaria eu sangrando? Se sim, hei de morrer em breve.
Sinto não poder fazer nada mais que tentar reconstruir minha própria ordem. Tenho estado ocupado coletando fragmentos de uma alma enegrecida e corrompida. Nada mais será do jeito que já foi um dia, e isto é uma lástima.
Sentenciado a esta imensidão de águas negras, cumpro meu destino só. Destino este traçado no momento em que decidi partir.
Não havia ideia de que deixar-te a deriva levaria minha alma a este estado de calamidade irreparável. Encontro-me agora no Umbral? Eu morri?
Sim, eu morri. No momento em que deixei um pedaço de mim eu morri. Quando te deixei eu morri por dentro. Passei o resto de minha vida negando o remorso, negando o arrependimento, negando a continuar vivendo.
E agora, estou preso eternamente em meu Umbral, para eternamente reconstruir minha alma despedaçada, para só então poder buscar um recomeço.
De nada adianta, eu sei, mas não mais deixarei minhas vontades em segundo plano. Preciso pedir perdão, não apenas por ter te deixado, mas por, junto disto, ter sentenciado minha alma a períodos de amargura e dor neste lugar. Agora, com uma leve e rápida sensação de paz, encontro forças para continuar neste mar de sofrimento e escuridão.