À espera de sua morte
Com pensamento em sua amada acordou, sentou e percebeu que tinha adormecido. A vontade de estar com sua amada o consumia até que ele tomou a decisão de ir ao encontro dela. Ao chegar à casa de sua amada percebeu que estava muito mais silenciosa do que estava acostumado quando a frequentava, tentou abrir a porta e para sua surpresa estava aberta. - Mas como aberta? Será que ela dormiu com a porta aberta? - pensou, com um sorriso porque pensou que sua amada era muito desatenta com a segurança. Ao entrar na casa percebeu que algo estava errado. - Como assim? Ela sempre foi tão desleixada assim com a limpeza? - já com um sentimento estranho. Chamou sua amada. Sem resposta. Novamente a chama, mas agora já entrando no quarto. Quando se depara com o corpo de sua amada deitado na cama. Inerte e fria. Ele a sacode. Chama seu nome. Sem resposta. Ele liga para emergência e pede por ajuda.Assim que a ambulância chega na casa os paramédicos entram. -Está morta. Vamos levá-la ao hospital pra saber a causa mortis. Chegando no hospital a pior surpresa. Ao conversar com o médico legista do hospital ele diz: -Doutor. O que houve? Como ela está? - ainda com esperança. A resposta o desmoronou: -Sinto muito, não queria que fosse assim, mas tive que dar essa notícia. Ela não resistiu ao veneno. -Veneno?! -Sim. Ela tomou veneno e faleceu antes de chegar aqui. Temos que informar às autoridades para que venham verificar como isso ocorreu. Mais tarde o resultado da perícia mostra o resultado. -Suicídio?! Como isso é possível?! Ela deve ter sido envenenada. Refaçam os testes. Não pode ser. Ela nunca se suicidaria. Vocês estão loucos. -reclama transtornado pensando em como uma mulher cheia de vida e de saúde pode ter cometido suicídio dessa forma. Mais tarde e mais conformado ele recebe um telefonema. -Alô. Aqui é da polícia. Estou ligando para informar que a causa da morte foi realmente suicídio. Ele mais conformado com o ocorrido não pensa, nem responde, apenas permite que suas lágrimas corram e tentem levar embora pelo menos meio porcento de toda sua tristeza e angústia. Volta ao quarto. Senta na cama. Novamente olha para a janela. Vê sua amada entrando pela porta. Se assusta por ve-la e ela lhe diz: - Oi meu amor, estou aqui pra te levar. Hoje é seu dia. Cheguei do outro lado e me disseram que podíamos estar juntos eternamente.- disse feliz. Ele assustado recua, nunca outrora havia acreditado em fantasmas, nem espíritos, nem assombrações e agora estava sendo levado pela imagem da sua amada. Respirou. Se acalmou e pensou: - Isso é apenas um sonho. Daqui a pouco acordo e estarei na minha cama... sem ela. Mas acordou e, como se esperava, tinha adormecido. Ao acordar sentiu um desconforto, como se estivesse sendo obaservado. Nao se importou achou que era a janela aberta que lhe dava essa sensação. Ao passar pela sala levou um susto. Uma figura disforme trajando roupas brancas e rasgadas, muito parecidas com a que sua amada usava na hora da morte. -Ai, meu deus!!! -girtou assustado correndo para fora de casa. Ao chegar ao portão estava lá novamente a figura, mas dessa vez ele ouve: - Eternidade juntos. Com uma voz cansada e sibilante como se estivesse chamando-o a segui-la. Ele vira totalmente transtornado e lembra do sonho. -Não! Eu não posso morrer ainda. Não estou pronto. Não posso agora. E foi então que a vizinha, já assustada, pegou o telefone e ligou para o hospital psiquiátrico dizendo que seu vizinho havia enlouquecido e estava em surto gritando e se tornando violento como se algo que somente ele podia ver. Pouco tempo depois ele ouve uma ambulância no portão e corre para lá. Quando olha no portão não havia nada. Assim ele corre com toda a velocidade que seus membros poderiam produzir. Chegando ao portão ele olha para trás e ve sua amada, antes tão carinhosa e compreensiva perseguindo-o para tentar convence-lo que o melhor seria que ele a seguisse na morte. Porém ele nunca iria concordar em suicídio por amor como em tragédias shakesperianas, de quem sua amada era fã incondicional. Os paramédicos perceberam o comportamento atípico e o colocaram dentro de uma ambulância. Sem nenhuma idéia de onde vinha aquela ambulância, mas ele só queria sair de lá. Mas ao olhar para a porta da ambulância estava mais uma vez o espírito de sua amada morta e ainda chamando-o. Ele surta e se debate fazendo com que a ambulância quase cause um acidente. Nesse momento os paramédicos aplicam um forte calmante e o motorista se apressa. Chegando ao hospital o psiquiatra o coloca na sala de monitoramento remoto para análise. Algumas horas depois da internação ele acorda, deduz onde está e roda um pouco no quarto. Porém ao olhar para a porta ele ve o espírito novamente e fica paralisado. Recua e deita na cama muito perturbado quando sua amada lhe estica a mão e mais uma vez diz: -Venha. Eternidade. Juntos. E foi quando ela estava a ponto de abraça-lo que ele gritou e correu para a porta tentando sair. Ao não obter sucesso senta no chão e se encolhe chorando e gritando: -Não! Eu não quero morrer! Eu não posso morrer! Não quero! Quando ele tomou coragem de levantar o rosto o rosto de sua amada estava a 5 centímetros do dele e nesse momento ele a reconhece mesmo com o rosto dela totalmente desfigurado e desfocado. Mas mesmo assim ele grita e desmaia. Nesse momento o psiquiatra que via tudo disse. Internação com tempo indeterminado. Enquanto o espírito da amada diz com voz fantasmagórica e sibilante dentro da mente do amado: -Sempre. Eternidade. Juntos. Esperar. Amor. Morrer. Juntar. Mim. E lá ele permanece, assombrado pela alma da amada a sempre esperar o momento em que ele escolha suicídio para que se juntem novamente.