O livro em suas mãos
Todos os dias, ela sentava no mesmo banco velho da praça central, sempre às quatro da tarde. Abria seu livro de romance (que outra leitura uma donzela faria?), cruzava as pernas e iniciava sua jornada através do mundo da leitura. Todos os dias.
Eu sempre a observara com certa admiração, não apenas pela beleza evidente, mas pelas folhas que roubavam suas mãos tão suaves e pequenas.
E cada dia que passava, mais aumentava o desejo de me aproximar daquele banco. Até que um dia, decidi ir.
Estava nervoso e sem jeito (afinal, eu não a conhecia), olhei por todos os lados mas não a vi. Sentei no banco, e logo passarem-se minutos, horas e em seguida o sol se escondeu no horizonte dando lugar a bela lua cheia, mas a donzela dos cabelos ruivos não surgiu.
Voltei pra casa triste e ainda mais, curioso por todo aquele mistério envolvente ao qual me apaixonara.
Logo quando amanheceu, ao folhear as primeiras páginas do jornal local, li uma matéria que me cortou o coração e me fez chorar amargamente: "Uma linda jovem ruiva, cometeu suicídio se atirando no rio", nas linhas menores dizia que ela vivia solitária, sem amigos, sem alguém pra conversar.
Me arrependi de não ter me aproximado antes, e assim jamais descobri qual o livro que tinha em suas mãos.