BREU DE ESTRADAS

Enquanto o meu pensamento procurava por alguma estrada para prosseguir, uma febre me ardera os olhos e o cérebro naquele exato instante em que me sentira assim, tão preso às correntes do meu tédio entre dementes e sanguinárias batalhas.

Ali, naquela relva e ao relento da noite, reluziram estrelas de um céu místico e de negra vida a se vestir.

O regurgito dos castigos lastimados e dos brônquios que se tomara de uma aflição que me corrompera os nervos e me abrutalhara perante o pequeno ser que se fizera gigantesco em minhas raízes de células que se comprimiam em cálidas e proliferadas feridas, tomaram-me o eco do silencio em minha ausência já premeditada.

Vagaram-me, assim, os corvos da morte e, dos castelos sombrios de minha insegurança, vinha-me o odor fétido das carcaças do povo que me acolhera por sete anos de sôfrega passagem pelo interior de minha alma soturna.

Perambulara eu, entre os cais de abandonadas tulhas de vozes afônicas que se intumesciam ao cântico da dor profanada e dos afoitos das noites intensas, tão densas e intermináveis, assolara-me o véu das luas e os cálices de sóis em dias que me aderiram nas fragatas invisíveis de um réu entardecer de luzes a se consumirem no ardor pasmo de um horizonte já esquecido.

A tontura me torturara a mente e mal raciocinava. Infame era o veneno que bebera, enganosamente, pensando ser o elixir da próspera vida rendida em ouro e prata, mas, que, ao coração, viera-me como carruagens tomadas de velozes e atrozes equinos cujos galopes pelo sangue a fora, jorrara-me a alma através das fendas de um olhar estigmatizado de inocula tristeza e imensa avareza do meu ser já extinguido.

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Giovanni Pelluzzi

São João Del Rei/MG, 31 de outubro de 2014.