UM DIA DA CAÇA, OUTRO DO CAÇADOR

Há muitas vantagens em se viver à noite, especialmente para um cara como eu. A cidade é fantástica, mas durante o dia as pessoas contaminam tudo se espalhando como um câncer por toda a parte. À noite existe magia, mistério, as estrelas no firmamento e o principal: o silêncio!

Porém, como qualquer ser vivo do planeta, também preciso das pessoas. Ninguém pode viver totalmente só.

Eu costumo sair lá pelas nove horas para encontrar alguém com quem conversar, uma garota de preferência. Às vezes conversa-se bastante, noutras nem tanto. As garotas estão muito fáceis hoje em dia.

Já viajei o mundo todo à procura de alguém que me complete, alguém com quem viveria eternamente. Existem poucas pessoas como eu... é complicado se apaixonar por uma pessoa muito diferente. Já aconteceu uma vez... Nossa primeira dificuldade foi minha necessidade de ser um notívago. Ela ia dormir cedo para acordar às cinco da madrugada; a essa hora eu costumo ir para casa dormir. O segundo problema foi que eu tenho outra necessidade básica pouco comum: preciso matar! Quem eu sou? Meu nome é Israel.

21:00 horas e Israel já está nas ruas ainda movimentadas da selva de pedra. Dirigi-se ao cemitério local com um pensamento: "Hoje vai ser diferente, vou aguardar as ruas esvaziarem mais um pouco e atacar a primeira que aparecer, nada de conversa esta noite".

Antes que pudesse relaxar sobre uma das lápides, Israel fareja alguém. Com um sorriso macabro, segue seus instintos até que surge por entre algumas árvores a silhueta de uma garota sentada sozinha em frente a um mausoléu.

Silenciosamente, para evitar que ela perceba sua presença, Israel num segundo posiciona-se dois passos atrás dela. A garota tem longos cabelos ruivos e ele adora garotas com cabelos de fogo.

De repente a jovem fala sem se virar:

_Qual é o seu nome?

Surpreendido ele diz:

_Eu me chamo Israel. Como sabia que eu estava aqui?

_Meus amigos me alertaram. – diz voltando-se para encará-lo.

“Como é linda! Olhos azuis como o céu... céu que há muitos anos não vejo.”

_Meu nome é Diana.

_ É um prazer conhecê-la! Mas... onde estão esses seus amigos?

_Por toda a parte. Você não pode vê-los.

_Não? O que você quer dizer com isso?

_Meus amigos passam a maior parte do tempo invisíveis.

Israel pensa tratar-se de mais uma louca urbana.

_Não, eu não sou louca!

_Como! Você leu meus pensamentos?

_Não, foram meus amigos que me avisaram.

_Nunca pensei que alguém nesse mundo fosse me deixar assustado um dia!

_Calma, os mortos não podem machucá-lo! Agora você pode me machucar, não é?

_Você já sabe. Eles te avisaram...

_Sim, me avisaram que você é quase como eles. Na verdade você é um meio-termo: um morto-vivo.

_Certo, mas apesar disso eu não posso ver, vamos dizer assim, os totalmente mortos.

_Israel você gosta de ser vampiro? Gosta de matar?

Ele a observa meio sem jeito:

_Adiantaria se eu mentisse?

Diana sorri e balança a cabeça negativamente.

_Bom, você já sabe a resposta. Agora eu quero saber umas coisas também.

_Você quer saber como eu posso vê-los. Eu sou o que alguns chamam de médium... Você nem pensou na possibilidade de eu ser uma vampira?

_Eu também tenho alguns poderes. Os vampiros sentem quando encontram um semelhante.

_Obrigada, Israel! É algo mais que aprendo sobre vocês.

Israel afasta-se intrigado:

_Como assim? Você já conheceu outros como eu?

_Muitos... Sabe Israel, eu não sou apenas médium.

Ela levanta-se e retira uma estaca da bolsa.

_Eu sou também uma caça vampiros.

Escrito em 16\01\2002 com pseudônimo Vlad.

Marcel de Alcântara
Enviado por Marcel de Alcântara em 21/06/2014
Reeditado em 23/06/2014
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