Na penumbra do meu quarto
É uma noite silencioso, não há vento nem estrelas. A lua que geralmente fala comigo está tímida no céu como se não quisesse aparecer hoje.
Busco na penumbra do meu quarto um pouco de razão. Confrontando o passado através de lembranças que deixaram saudade. A tantas coisas pra lembrar. A saudade maior que sinto é a de quando sentia. Quando aqui existia um corpo com amor.
Procuro no futuro pinturas opacas, imitações de vidas que vivi repletas de cores pintadas pelas coisas que senti e era capaz de sentir. A razão simula coisas que antes eram do coração.
Sou um ator ruim que agrada um ou dois, mas não a mim. Está noite eu orei e pensei em muitas coisas além das limitações da minha mente e existência. Além dos estudos e trabalhos, futuro e passado. Pensei na vida que contos contados dizem que terei, assim me imaginei.
Me forçando para além do pensamento em uma viagem até o céu e o inferno. Pude ver Deus, Ele estava em silencio para mim. Apenas um olhar, o mesmo que vejo nas noites de exceção. Um olhar que me diz algumas coisas que não quero escrever.
Hoje não quero sentir Deus, desejo apenas o meu talento, desejo meu coração gelado, sentidos aguçados e uma visão que muda para o além.
Neste momento não é o mundo que eu vejo, pelo menos não o seu. É como ter uma visão privilegiada. Assim que me sinto, porém posso estar errado. Muito facilmente posso ser apenas um louco que não diz coisa com coisa.
São nessas noites de silêncio onde eu deixo a minha herança. Que seja lida por homens mulheres e crianças um dia quem sabe, por que não? Mas hoje no agora, a primeira mão, que seja lida pelas presenças que sinto a meu lado.