A Donzela da Torre

Lady Alana Wilson era a única filha do nobre Roger Wilson. Eles viviam num castelo isolado no interior da Inglaterra, durante o reinado de Henrique VIII. A mãe de Alana morrera de parto. Sir Roger amava loucamente a jovem esposa e alguns diziam que havia enlouquecido após sua morte.

Ele mandou a recém nascida e sua ama de leite para uma torre isolada, nos confins de sua propriedade, de onde nunca poderiam sair. Sir Roger odiava a filha e a culpava pela morte de Rosalind.

Após enviuvar, Sir Roger nunca mais foi o mesmo. Passava os dias a cavalgar pela floresta e as noites bebendo junto à lareira, contemplando o retrato de sua falecida esposa, pintado antes do casamento de ambos. Jamais quisera conhecer a filha, mas sempre lhe enviava o necessário para assegurar sua sobrevivência.

Alana cresceu isolada na torre, uma menina linda, igual a sua mãe, segundo as palavras de sua ama. Essa mulher a criou com todo o cuidado, a ensinou a ler e escrever, e como era profundamente católica, fez de Alana uma menina muito religiosa. As duas levavam uma vida muito simples. Somente tinham contato com os criados que periodicamente as abasteciam com alimentos, lenha e roupas.

Alana sabia que sua mãe morrera de parto e seu pai a odiava por isso, o que a deixava muito triste. Mas já estava com 15 anos, e planejava um dia fugir dali e ir ao encontro dele.

Um dia, Sir Roger andava como de costume em seus passeios solitários, quando se aproximou da torre e viu Alana na janela. Ficou paralisado e encantado. A menina era idêntica à mãe, sua perdida Rosalind. Eram os mesmos olhos azuis, as mesmas tranças castanhas, o mesmo rosto oval... então Sir Roger se apaixonou loucamente pela própria filha e concebeu a idéia de se casar com ela. Mandou levar a jovem e sua ama para o castelo.

Alana ficou radiante, finalmente iria conhecer seu pai. Chegando lá, Sir Roger a encheu de presentes; lindos vestidos e jóias deslumbrantes, e a conduziu até a capela. Lá os aguardava um padre, que desconhecia o parentesco de ambos e celebraria o casamento incestuoso.

Sir Roger disse, Alana, eu a quero não como minha filha, mas como minha esposa. Apesar de sua inocência, Alana compreendeu que aquilo era um grande pecado e respondeu, não, meu pai, me obrigue a cometer essa infâmia! E assim dizendo, a menina correu para fora do castelo, que ficava à beira de um precipício, fez o sinal da cruz e se jogou lá embaixo, despedaçando-se nas pedras. E ninguém encontrou seu corpo, mas naquele lugar começaram a nascer lírios brancos e perfumados.

FIM