Rosa Negra
Rosa negra
A flor da imortalidade? Como pude ser tão estúpido? Tornei a minha vida um poço de escuridão.
Minha historia começou quando decidi que faria de tudo para me guardar pra minha amada Angelic que em suas belas faces róseas esbanjava sua juventude, tão infinita era sua beleza que a lua admirava-a com desejo.
Eu? Um tolo, tentando me aproximar dela com a mais ignorante das idéias.
Apossei-me de um sentimento que não sei como descrevê-lo apenas o vejo como tentativa desesperada de encontrar a beleza eterna, a juventude tão desejada tão passageira, como o vento de outono leve profundo e rápido demais para alcançá-lo.
Desde criança ouvia historias sobre uma rosa que guardava em suas pétalas o poder da imortalidade, mas que nenhum homem era tolo o bastante para ousar se aproximar dela, com medo da morte que aguardavam em seus espinhos envenenados.
Por essa louca ambição joguei-me em um caminho sem volta sem solução.
Todos me diziam para deixar esta loucura de lado, e viver a minha vida como todos. Mas não, eu não podia me deixar levar por aqueles cegos ignorantes que não enxergam um palmo alem de onde seus olhos podiam ver, que olhavam todos juntos na mesma direção incapazes de perceber algo novo, já estava cansado de tudo aquilo.
Angelic como queria acariciar seus cachos louros nesta noite fria e solitária.
Segui em minha busca pela imortalidade, procurei, procurei, e não encontrava nada.
Foi quando um dia sentado em um balcão velho e empoeirado com a cadeira de madeira velha rangendo, tomando um copo frio e cheio de gelo de um wisk escocês tão velho quanto às calças que usava, que um homem branco, alto e magro se aproximou de mim.
E ofereceu me conceder um desejo, é claro que na hora achei que o homem estava equivocado ou ate mesmo delirando, então entrei em um estado de risos constantes, o que é claro não o agradou. Então por um instante senti como se estivesse me transportando para outro lugar, um lugar frio, escuro, vazio.
O homem ainda estava lá, mas o bar já havia desaparecido então eu perguntei o que ele queria comigo e como tinha feito aquilo. Ele me respondeu que era um lord, um feiticeiro antigo e que poderia fazer qualquer desejo meu se concretizar, eu imediatamente questionei porque ele me escolheu dentre tantos e ele respondeu que meu desejo particularmente chamava a sua atenção por isso iria realizá-lo. Sendo assim perguntei ao lord sombrio o que eu poderia fazer para retribuir este favor tão maravilhoso, e ele me disse que um dia precisaria de mim e tudo que eu tinha que fazer era ajudá-lo quando esse dia chegar.
Aceitei o acordo e ele me disse pra fechar os olhos e imaginar a rosa. Quando abri meus olhos ele tinha desaparecido e a rosa que brotava por entre as pedras que ali se encontravam brilhava como um fruto celestial, rapidamente fui ao seu encontro ansioso pela juventude e pela eternidade agarrei com minhas mãos áridas e devorei suas pétalas, o amargor e o suave doce me deixou tão entorpecido que nem percebi os espinhos perfurando minha camada fina de carne ainda viva, quando percebi já estava caído no chão com o corpo estremecido como quando uma grande carga de eletricidade nos atravessa o corpo, da minha boca nenhuma palavra ousava sair, meus olhos entristecidos ainda com um ultimo fio de esperança se moviam a procura de uma solução, de alguém. Tudo que vinha em minha mente era Angelic , Angelic e seus lábios cor de sangue.
A luz aos poucos se apagou e entrei em um sono profundo um sono pelo qual não despertei durante algum tempo.
Abri os olhos e a escuridão me rodeava não podia me mover estava em um ambiente apertado deitado em meio a algum lugar vazio, nada ouvia o silencio me perturbava e de alguma maneira a escuridão me trazia um tipo de conforto.
Ouvi um som que parecia uma pá a cavar algo... Senti um pouco de terra sobre o meu rosto cair quando finalmente percebi que estava em um caixão. Alguém tentava abrir a tampa o que me assustou de fato não podia imaginar quem era. A luz veio como um facão agredindo minha face, quando meus olhos finalmente puderam descansar percebi que era uma lanterna e quem a segurava era o Lord Feiticeiro assassino maluco!
Ele me ajudou a sair do tumulo, a lua cobria o céu, tentando me recompor e entender o que havia acontecido percebi que minhas mãos haviam mudado meus dedos pareciam mais longos e minhas unhas pontudas, me perguntei quanto tempo passei ali naquele tumulo desacordado, questionei então o sujeito, perguntei o que ele tinha feito comigo e quanto tempo tinha passado enquanto eu dormia naquele tumulo imundo. Ele me respondeu com uma voz fria e quase sem som, que haviam se passado cinco anos desde a minha morte. Não dei ouvido e fugi o mais rápido que pude pois não podia perder nem mais um minuto precisava falar com alguém, alguém com um pouco de sanidade. Ao sair do cemitério comecei a me senti fraco e uma fome voraz tomou todo o meu ser. Senti um cheiro perfeito um aroma maravilhoso como se fosse um manjar dos deuses, ouvi um som agradável e cheio de vida que vinha em minha direção como algo que bombardeava simultaneamente, vi um homem, perdi o controle quando percebi nada restara alem de um corpo sem vida, um estranho havia morrido em meus braços e o vermelho do seu sangue agora se espalhava por entre meus dentes. Eu havia me tornado um monstro, pensei novamente em Angelic, em alguma solução, como me aproximar agora de minha amada? Como sentir seu corpo quente se o frio já havia consumido meu ser?
A sensação de vazio já havia me dominado eu sabia no que havia me transformado e sabia que não podia reverter o que tinha feito era uma questão de tempo ate aquele maluco aparecer de supetão. De repente enquanto pensava esses absurdos ele volta a me atordoar com sua presença, com uma voz mais grave porem ainda baixa ele disse que eu viveria pelas noites e dormiria pelo dia, que precisava da minha ajuda em encontrar jovens dispostos a realizar desejos ambiciosos e que não adiantava reclamar pois Angelic estava morta. Uma dor imensa tomou meio peito com um coração que já não batia mais, sofri pela dor de perder aquela cuja vida entreguei cujo desespero me levou a ser este amaldiçoado, perguntei como ela tinha morrido e ele me disse que ela tinha se matado quando soube da minha morte, o que tornou ainda mais difícil a perda de minha donzela de minha amada Angelic.
Os dias passaram e eu na escuridão, as trevas se transformaram em minha nova vida,não podia morrer, teria que suportar o peso da imortalidade em plena solidão no vazio do obscuro.
Rosa da imortalidade, que ilusão, os deuses jamais deixariam presente assim aos homens sem uma cruel armadilha por trás. Da morte agora eu entendo muito bem, pois a vida já não existe mais em meu ser.