Guerra em paz
"Sua dor não é minha,
E meu inferno não é seu"
Disse com seu ultimo sopro de vida o guerreiro ensaguentado,
Caído aos braços de sua amada e lamentando seu fardo pesado.
Pouco antes de sua vida se esvair completamente
Lembrou-se de tudo que passou para alcançar tamanho feito,
Do dia em que a princesa, a qual ele amava, fora levada de seu castelo
Para as longínquas montanhas do norte, lar da dor, do mal e do medo.
Lembrou de como a admirava à distância,
Mesmo sendo um dos soldados do castelo principal.
Mal falava com a princesa, na verdade,
pois além de proibido, era muito tímido para tal.
De como fôra o único com coragem de seguir viagem sozinho
Enquanto todos se lamentavam e se culpavam pelo ocorrido.
Sacou sua espada, vestiu sua armadura, e a pé seu caminho seguiu
Em busca do dragão do norte, em seu temeroso covil.
Como semanas seguidas ele caminhou
E como hordas de bandidos enfrentou.
Como pelos perigosos precipícios se aventurou
E como pelos portões malditos ele adentrou.
Com sua espada reluzente, em um golpe de coragem o crânio do dragão abriu,
Enquanto sem um braço e com uma ferida no tórax mal podia em pé se manter.
Após os lacaios do dragão ter aniquilado, já não lhe sobrara tantas forças
E apesar de ter libertado sua princesa, sabia que ali mesmo iria morrer.
Em seu ultimo momento, o guerreiro sorriu
Enquanto viajava para sua nova jornada,
Tendo em seu peito ferido a certeza
De que havia salvo a sua eterna amada.