A CAMISA DE FORÇA

Não que alguém se importasse...

Ela vivia, dia após dia, ano após ano, hora após hora em seu mundo triste... Murcho, sem cores.

Ela saia pra beber, pra dançar e sorrir, não com a vida, mas dela... Tão morta, cheia de horrores.

Seus olhos lacrimejavam, as lágrimas clamavam por algum afeto, por algum abraço... Mas o corpo dela não recebia.

Seus dedos contavam as horas, os dias, esperando o dia que morreria.

Mas ela não sabia que a morte estava nela, tão limpa e pura como uma canção.

Beijava seus olhos, segurava sua mão e a seguia tão perto.. Tão certa, tão dela... Que já fazia parte de seu corpo.. Sua alma estava morta.

E foi o mundo que a matou...

Matou de saudades

De amarguras

De tristeza...

E com a sua pouca dignidade mostrou a beleza, mas não lhe ofereceu um meio pra ir até ela...

Quão cruel pode ser o mundo?

Agora ela está na beira do abismo de sua mente... Dizem todos que ela caiu...

Mas não sabem que ela mentiu, e vive agora na redoma daquela sala branca...

Ela e a pouca humanidade que restou em si...

Ela e a pouca dignidade de não poder tocar o próprio rosto...

Todos temem que ela se matará de desgosto...

Mas não sabem, que eles mesmos são os homicidas...

Isabella Cunha
Enviado por Isabella Cunha em 22/02/2013
Reeditado em 22/02/2013
Código do texto: T4154363
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