MEIO SEGUNDO

Ele não se arrependia... Bastaria aproximadamente meio segundo e tudo estaria acabado.

Meio segundo e todas suas aflições apaziguadas, todas as lembranças apagadas, cada dia mal vivido de grã ambição, de cada impudica e obscena paixão ...De cada mil noites em uma, só sua, solidão. Estaria livre! Livre!

Que é ser livre? – Questionava-se. E habituava-se com a ideia das infindas possibilidades, mas sabia só haver uma solução. Somente a morte podia pagar a morte e reviver a vida... Somente decaindo e esvaindo em seu sangue negro que poderia ascender e preencher-se da pura, doce e pacífica luz.

-Há luz? Que luz? Ó lua, estas sumindo? Por que não me banhas com seu alvo e cândido brilho, estas dormindo? Porque me abandonas nesse trágico e belo momento? Como hei de encontrar o caminho para o inferno? Como hei de encarar o não bento? Estão meus dias contados em anos de inverno... Preciso de uma direção!

Era direcionado por seu olfato e guiado pelo mapa do jazigo. Pegadas de amor púrpura, pedaços d’uma história não acabada... A cápsula da bala utilizada...

Ela estava ali! Ali,junto dele, onde ele deveria ter sempre a mantido.... A um beijo de sua sola, com a face ao chão.

Que adiantou fazê-la brilhar? Ascender tua beleza, exaltar tua paixão? ... Ela havia o inebriado com sua luz... E ele deu fim na lanterna que o guiava... Mas antes, sua guia havia apagado as chamas que acendiam seu coração...

- Maldita! Amada! Oh! Adorada! Me espere nessa jornada! Iremos juntos viver nosso amor sombrio!

Então ele disparou...

E naquele segundo tudo que sentira fora o conforto da libertação d’uma alma.

Isabella Cunha
Enviado por Isabella Cunha em 12/01/2013
Reeditado em 12/01/2013
Código do texto: T4080336
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