Hominus Communs - In-contos do dia e da noite
Sentado defronte à mesa; cotovelo na mesa; queixo apoiado às palmas das mãos; olhos distantes que pensativos; alguns fios brancos a desafiarem o de resto preto; barba espraiada de brancos fios; pernas e pés levemente inchados; mãos que trêmulas, indecisas no esforço por demais escrever o pensado; o imaginado; o sonhado; o ideal que distante longe no sempre.
Olhos perdidos nas névoas de si mesmo; esquecido de olhar para o que está; o que existe; confuso no que é.
Olhos de cinquenta anos em reflexões de si mesmo; o mergulhar profundo na área dos valores; conceitos do ser/existir/estar. Perceber-se a si mesmo é estar; interagir com os eventos, fenômenos, acontecimentos é existir; aprender numa espiral crescente é Ser, portanto Ser significa transcender o estar e o existir.
Porém, o agoramente, é existir e o existir cobra tributo: pagamos ao nascer;pagamos ao viver; pagamos ao morrer, e depois de morto continuamos a pagar pelo dito repouso eterno, senão jogam seus restos ( ou seja você ) em uma vala comum de lixeiro.
Pensando na idade que alcançara com tanta dificuldade, descobria-se,
ainda, em dívida. Era tudo a pagar e tão pouco a receber.
Olhos tão longe quão próximas as lágrimas correntes pela face, marcando uma trilha de água que corre serra abaixo.O chorar de tão longe presente.
Torturava aquele triste professor os 20 e poucos anos de trabalho e não ter o mínimo para pagar as contas. Lazer não existia.
Pobre Professor. Pobre Ser que sofre calado, molhando a face e morrendo nos lábios tristes lágrimas salgadas. Assim era a vida de um
sobrevivente lutando a cada dia, pagando cada segundo para permanecer vivo.
Luta de 50 anos. Cansara-lhe. Agoramente, era procurar a porta de saída mais próxima. Pular da janela do nono andar e com sorte cair para não mais levantar.
O pensar racional perdeu a luta para o pensar-sentimento morrente em si mesmo por falta de esperança. A luz do horizonte não se vislumbrará
à luz do cego perdido em si mesmo, do sempremente Dor que cala,
emudece a razão.
O cair é de um instante ad eternum. Não se levantar é não cair. Se cair a esperança é finda; fica ao chão. A CADA DIA BASTA O SEU MAL.