Um quarto em uma casa na chuva.
Ontem a noite ao procurar um lugar para me abrigar da chuva
entrei numa casa que todos nós da vizinhança sabíamos que estava abandonada há muito tempo, entrei com um pouco de medo mas estava chovendo muito lá fora eu precisava de um abrigo. Uma porta bem velha de madeira quebradiça comida pelos cupins e o chão também de madeira rangente forrava todo aquele local, curioso como sempre fui, resolvi entrar em um quarto que estava entreaberto, entrei como quem invadisse um sepulcro, pois sabia que ali não era meu lugar. Um guarda roupas antigo ali no canto me diz algo sobre o morador; velho, sozinho com aquela cara de quem não tinha mais motivos para sorrir.
Roupas corroída pelas traças, roupas pretas, sem cores como se vivesse em um luto eterno de si mesmo. Pois talvez seu corpo estivesse ali, mas sua alma já implorava para ser libertada. Foi aí que me dei conta do porque ele faria aquilo. Não deve ser nada fácil chegar a velhice sozinho, lá estava a corda amarrada a parte mais alta do teto com a ponta em forma de laço suja de sangue.
A chuva parou, vou embora agora.