Tristeza - In contos elegíacos
Entrara no banheiro acompanhado de um frasco de 30 comprimidos de
Diazepan. Tarde da noite, olhou-se no espelho; lágrimas quentes a queimar-lhe o rosto; o pensamento febril, ainda, procurava outra saída, mas a lógica incoerente da dor que interfere não o deixa raciocinar claramente. A dor era maior do que a razão e o próprio instinto de sobrevivência. Queria ele, simplesmente, apagar-se, dormir sempre; não
mais acordar para os problemas que a mente concebia insolúveis. Como
dizia um certo poeta, um tal chamado Hermam Hesse, em seu livro :
" Lobo das Estepes ", a porta da saída é a morte. Ele próprio, nunca a usou. Eu, porém, estava tentado a usar esta porta de saída. Eu sofria, sempremente, chorava às escondidas no travesseiro e, jurava por Deus dar menos trabalho aos meus pais. O menos trabalho possível era,
apenasmente, deixar de existir.
Tomei 30 comprimidos de Diazepan; perdi o controle motor dos braços,
e pernas, à meia madrugada, acordei, gritando pelo nome de minha irmã, já, vomitando, sem controle nenhum, queria morrer. Mas lá nas brumas do consciente entre o inconsciente alguém tocou-me o peito e,
senti que sobreviveria. No hospital, lavagem estomacal. Meus irmãos
salvaram-me a vida, nãos os presentes, mas as almas ausentes presen-
tes.
Contudo, a irmã que, gritei pelo nome, morreu, pouco tempo depois.
Chorei a morte que não tive, mas vivenciei.