O sopro da morte

Qual era o sentido da vida?

Ela via da janela casas iluminadas por velas e em seu peito só restava escuridão.

Era escuro, estava frio.

Pousou os pés brancos no chão e sentiu seu corpo inteiro se arrepiar.

O sopro da morte aquecia seu coração e a chuva de sangue dentro do quarto não era menos intensa que os trovões que berravam lá fora.

O quarto fora iluminado por um raio que mostrou o reflexo alvo da lua em seu rosto amargo.

Uma lágrima ameaçava a cair, mas obriou-se a sorrir e descer pelas escadas de sua casa.

Abriu a porta.

A chuva estava intensa.

Olhou uma ultima vez para trás e viu sombras inscritas no chão. A tinta vermelha, já seca, cobria sua camisola e suas mãos.

A vela que segurava queimava seus dedos e a dor lhe sussurrava " Vamos, vamos! Ou eles virão!".

Ninguém entenderia.

O que uma casa tão pálida quanto a alma de qualquer trabalhador, tão morta quanto os jardins de inverno, poderia ter de incomum?

Um casal, uma filha e um pai agressivo e indecente!

O céu e a estrela cadente, que, pronta pra brilhar, acaba caindo em busca de um lugar onde houvesse esperança. Mas a chama se apagou.

De cabeça baixa, completou o desenho das linhas da rua com seus pés sujos de sangue, trilhou o caminho de seus medos, a chuva escondia seus segredos e lavava todo o resto de uma família infeliz que perecera em suas mãos.

Sozinha, em busca do nada, vagava pela confortável escuridão.

Isabella Cunha
Enviado por Isabella Cunha em 29/09/2012
Código do texto: T3907436
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