Viagem no tempo - In contos sem data
Desde pequeno; criança a principiar a ver o mundo e já sabia o que era dor: criança frágil, doente desde o início. Conheceu cedo os hospitais, internações, operações e, à escola, poucas vezes, comparecia. Houve ano, em que sequer, compareceu à escola, devido a rigorosos tratamentos : não podia andar; sentia dores incríveis nas pernas. A medicação deveria ser tomada até os 20 anos, contudo, ele decidira que não a tomaria, isto é, tomou, apenas, no começo, durante 4 ou 5 anos e aos 13 parou de tomar. Usava o dinheiro que a mãe dava para comprar doces, pirulitos e coisas tais. A mãe descobriu depois de 1 ano, quando o farmacêutico veio lhe perguntar se o tratamento do filho havia terminado.
Como a mãe ficou ??. Irada, simplesmente, mas não podia castigar o filho, que, ainda, doente não poderia sofrer mais.
Os anos se passaram. As lembranças da escola, daquele período dos 7
aos 13 anos: é tudo para o filho doente; novidade para os coleguinhas; uma raridade; queriam ver as cicatrizes das operações, curiosos queriam saber tudo : os exames, os remédios, as enfermeiras, se eram
bonitas ou não; se davam-lhe banhos ou não.
Chegados, agora, no hoje. Ouço aquela criança em mim e à sua herança. O recordar e o lembrar ao mesmo tempo algo gravado no coração e na mente é viver duas vezes a mesma lembrança, ou, recor-
dação. Sofre-se a herança que, ainda presente, pede as suas contas,
porque a doença de outrora cobra seu tributo agora.