Encanto da Lua

A floresta era apenas um borrão de sombras que dançavam freneticamente, açoitando-o enquanto ele corria. O olhar frio da lua cheia permanecia concentrado em algum ponto próximo à nuca e, assim, com sua radiação sobrenatural, ela cavava um buraco cada vez mais fundo entre seus ombros, como se quisesse alcançar a sua alma.

Correr era uma questão de vida ou morte.

E quando os pés se atrapalharam... ele só teve que ceder e deixar a razão escoar, como o sangue através de uma ferida mortal aberta.

Um uivo de agonia ecoou dolorosamente em seus próprios ouvidos. Demorou a entender que aquilo agora era a sua voz, a única que tinha para amaldiçoar a sorte que o abraçava da mesma forma que uma doença infecciosa abraçaria uma criança indefesa.

Mais um uivo agudo e estava outra vez correndo.

Afinal, era uma questão de vida ou morte.

Era o instinto.

Era a fome.

Era o encanto da lua.

Andhromeda
Enviado por Andhromeda em 19/08/2012
Código do texto: T3838410
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