Mesmo na morte (Even in Death)
As lápides projetam sombras estranhas na terra macia. Algumas, velhas e tão desgastadas que mal se pode ler os nomes nelas. Outras, lisas, recentes e estranhamente belas. O silêncio é completo e apenas a luz do luar ilumina a cena. Meredith está parada junto a uma lápide de mármore branco, com um anjinho esculpido: Um bebê de asas e rosto sereno.
- Tão lindo. - murmura a menina, correndo a mão pela escultura. - Mas tão trágico. Como pode parecer tão calmo guardando algo que me foi tirado injustamente? Como pode vigiar em silêncio alguém que está gritando por ajuda?
Pois ele grita. Sim, ele pede para que o tirem dali... O mais rápido possível.
- Me chamaram de louca. - confidenciou ao anjo. - Você sabia, meu amor? Disseram que perdi o juízo. Mas não importa. Eles não sabem, não é, querido? Eles não escutam você cantando para mim... Toda noite, para que eu durma.
Em algum lugar, uma coruja pia. Meredith ergue a cabeça, ainda acariciando o querubim.
- Sim. - sussurra. - Você canta.
Ela pode senti-lo sob seus pés, gritando, tentando se libertar.
- Calma. - diz ela, passando a mão pela terra marrom macia. - Não se preocupe. Eu vou ficar aqui para sempre com você, meu amor. Eu não esqueci de tudo. Eu sei que você se foi. Eu vi você, eu ainda vejo, e eu sei que eles estão errados. Será que eles não percebem? Você não se foi, pois eu ainda estou aqui. E você não pode me deixar, não é, meu amor? - Meredith ajoelha-se sobre o lugar onde ele descansa, dando um leve sorriso, os cabelos caindo em ondas negras tão compridas que tocam o solo. - Não, você não pode me deixar.
Ela não consegue entender por que o colocaram, em uma caixa de madeira, sob a terra, mudo e pálido. Imóvel, frio e distante. Ela não entende por que ele não reagiu.
- Não importa. - sussurra ela, sorrindo. - Eu sei que você me ama, não é? E vamos ficar juntos para sempre, meu amor.
Inclinou-se e beijou-o. Sentiu seus lábios frios corresponderem...
"People die, but real love is forever." - Even In Death (Evanescence)