Monologo Assassinato de um poeta...

cenário: garota sentada segurando um livro e o lendo com uma voz lentamente cansada... diz

- E vagando pelo vale das sombras da morte ela ficará eternamente...

Cena: fecha o livro dizendo:

- Então é isso... eles me fazem perder meses lendo esse romance macabro idiota... para mais um final óbvio...

Cena: levanta-se e diz...

- E como sempre o tédio me consumirá e eu lerei outros livros medíocres e assim será até o meu fim?...

Cena: anda entediada ao redor do palco... como se estivesse vagando... diz empolgada...

- Hum talvez eu devesse tentar ser como tais personagens tementes a infelicidade... isso faria com que eu me tornasse mais feliz... fugindo da realidade triste em que vivo... em que todos vivemos...

Cena: diz já bem menos empolgada...

- Seria isso perfeito? Uma narrativa muito estranha já diria Edgar Allan Poe...

- Devo estar ficando louca... mais é sempre os sentimentos dos mais estranhos que me ocorrem ao fim de uma leitura de mais uma história de qualquer autor óbvio... narrativas com pensamentos repetitivos e que me fazem lembrar outra história lida antes, afinal todas histórias não passam de plagio de outros contos e frases idiotas escritas por qualquer poeta sem credibilidade nenhuma...

Sei que agora nada disso faz mais sentido e antes que vocês se sintam mais entediados... eu vou começar logo essa droga de monologo...

cena: solta a musica... garota senta abaixa a cabeça e ao fim da curta musica diz:

- Estou tão perdida em meus pensamentos poluidores... penso em como esconder o corpo que exala podridão de minha sala, a noite está longe de cair pois estamos perdidos num tempo que não passa e isso está me enlouquecendo, e nem todos os perfumes de rosa do mundo poderá disfarçar tal odor que sinto ao me lembrar do dia mais feliz de minha estranha existência...

- Nem mil banhos....

- Nem mil noites...

- Nem mil livros de poesia...

- Me farão esquecer o dia em que matei, matei por amor... por idolatração a quem sempre pertenci... e que nunca me pertenceu...

- E agora vivo a minha versão do inferno.. uma versão onde não me encontro morta em minha cadeira de balanço mais me encontro com minha alma morta em minha imaginação perturbada por um crime que imaginei cometer...

e mesmo mantendo minhas lembranças emparedadas nos cômodos de minha fantasmagórica residência... nunca esquecerei... talvez eu devesse pesquisar sobre minha profundidade psicológica...

- Essa solidão de cenário de pessoas e de mim mesma está me tornando uma monomaníaca ando com esta fixação delirante de tentar me punir, de castigar minha alma, por ter cometido o crime de assassinar meu ídolo, meu adorado amor, um poeta que diz as palavras mais lindas que já li... mais por um poesia mal interpretada pela minha vista turva, e meus pensamentos sombrios, fizeram com que um ódio me consumisse e fizesse com que eu o assassinasse mentalmente... o que não tira o fato de ter sido um assassinato um crime minuciosamente planejado e executado pela minha mente criminosa.

- “O meu ódio poético que fez com que eu cuidadosamente o envenenasse num jantar romântico que eu preparei a ele e ao beber toda a sua taça de vinho, falecerá sobre a mesa” …

- Me deixando completamente perdida numa imagem que não sucumbia de minha mente... mais o ódio poético que me consumia não permitia mais de alguns segundos de falsa culpa... e logo eu sorria pelo meu crime perfeito, eu o deitaria na vasta e velha cadeira de balanço que encontrara-se na varanda de minha moradia o fazendo admirar a noite de neblina daquela cidade silenciosa e nada habitável, na minha simpática presença... E depois poderíamos tomar um chá preto juntos e ler algum clássico bobo... e viver felizes pra sempre...

- Porem seu cheiro de decomposição me causava náusea e eu tive que coloca-lo dentro de meu baú...

- Agora sinto-me arrependida, devo ficar presa em meus aposentos amaldiçoada pelas suas poesias quase perfeitas, sendo horrivelmente obrigada a ler todos os seus poemas e sentir o odor de seu corpo no meu baú, enquanto me isolo no meu quarto lembrando do dia em que o matei em meus pensamentos... Até que o cansar dos meus lábios a recitar suas fascinantes palavras me de sede e fome e eu morra... afinal não mereço mais olhar nem se quer uma folha seca no final de uma tarde de primavera... cenário: garota sentada segurando um livro e o lendo com uma voz lentamente cansada... diz

- E vagando pelo vale das sombras da morte ela ficará eternamente...

Uma Bostoniana
Enviado por Uma Bostoniana em 12/06/2012
Reeditado em 29/12/2013
Código do texto: T3720488
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.