o carrasco

O dia frio, a chuva forte... apenas um sinal dramático... a morte.

Ele se ergue, bota manto e capuz, reza algumas orações para algum deus que não vai escutá-lo e sai... lá vai o meio anjo, meio demônio com seu machado. O palco o aguarda para seu show... o homem que brinca de Deus, tira vidas, ele brinca com o poder do Deus que não o escuta.

A alegria da multidão entre os respingos, depois prestação de respeito... a vítima

Acorrentado, se arrastando com suas cicatrizes e cabelo longo, sem saber o que acontecia, sem saber por que as pessoas vibravam. Ele olha assustado para o homem com o machado que acenava ao publico... por que as pessoas vibravam? O que há de tão belo na morte? Esse golpe brusco de machado... por quê?

A pobre vítima indefesa, ajoelhada diante ao cesto... o fim da linha.

Então arrumou o capuz, fez uma reverência para a multidão que o cobriu de rosas... ele era o Deus deles, e agora deveria mostrar sua onipotência para ser mais amado... ele ergue o machado... olha para o povo feliz, olha para a vítima que parece estar confusa e atordoada... agora é resto, o machado desse e a pobre vítima está partida em dois pedaços.

Glória aos gloriosos, o ciclo da vida e morte... a queda

ele volta a seus aposentos tirando o capuz, toma um bom gole de vinho e limpa o fio do machado... ele fica pensativo por alguns minutos, depois tem que encarar a cruz dos seus atos... a cruz de sua glória... ele se ajoelha diante do símbolo religioso e reza mais uma vez para aquele mesmo deus que não vai atendê-lo

A alma, o túnel com luz... o deus

Ele em todo seu esplendor divino, recebe a alma da vítima na porta do céu, pensando no porquê deixou aquele rapaz morrer, por que escreveu aquele destino... ele não lembrava, afinal era tanta coisa que ele fazia no seu pequeno parque de diversões repletos de humanos que o divertiam... e afinal, era só mais uma alma subindo entre milhões...ele a recebe como seu trabalho manda, depois vai bater o cartão ao fim do expediente e ir pra casa rezar para um deus que também não irá ouvi-lo

Tiago Silveira
Enviado por Tiago Silveira em 02/01/2012
Reeditado em 24/10/2019
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