Adorável Anatomia (capítulo I Parte IV)

Tocado Por um Anjo

Naquela noite estava disposto a me entregar inteiramente a bebida, afogar minhas lágrimas na taça de um bom cabernet, estava frio e a ocasião era perfeita e o que estava por vir a complementaria ...

Pedi a carta de vinhos ao garçom , e enquanto aguardava notei uma certa movimentação no palco , estavam anunciando a primeira atração da noite: O famoso violinista Marco, aquela cena ficaria para sempre gravada em minha memória, quando as cortinas subiram lá estava ele , o anjo dos meus sonhos, a criatura que me faria corar , e que aquela noite me roubaria um beijo.

Ele era alto , pela pálida, uma perfeita escultura de mármore, um anjo sepulcral , esculpido por um deus, seus lábios entreabertos, lábios vermelhos e molhados, convidavam-me a perdição, cabelos negros e longos que graciosamente jogava para trás.

Estava paralisado com aquela miragem , meu coração palpitava intensamente que me causou até tremores, estava literalmente fascinado,é como se o esperasse por toda a minha vida, queria fazer parte dele, te-lo em meus braços, não por uma noite apenas , mas por todas da minha existência.

Ele abriu a noite tocando a sonata n°1 de Bach, que melodia celestial, lindas mãos a manusear tal instrumento, imaginei-as percorrendo as curvas do meu corpo, arrancando notas de luxúria dos meus lábios , lágrimas pela minha face escorriam , uma mistura de desejo e emoção se apoderavam de mim deixando-me excitado.

Ao final não pude conter a euforia e gritei um grande e estrondoso bravo!

Não poderia perde-lo de vista, antes mesmo de baixarem as cortinas chamei o garçom e o incumbi de levar um bilhete a marco , convidando-o para a minha mesa, para brindarmos sua gloriosa apresentação, o medo me tomava, medo de levar um não, afinal de contas ele nunca havia me visto, não teria o porque aceitar tal convite,me acalmei ao avistar aquele anjo vindo, era muito garboso se via que suas maneiras eram refinadas,primeiramente nos cumprimentamos cordialmente com um aperto de mão, suas mãos tinham o toque da seda , mãos que imaginava a acariciar minha face, meu peito, meu corpo.

Seu olhar eram labaredas ardentes , que incendiavam minha alma e me faziam convites obscenos, nos perdemos na conversa que mal notamos que já eram altas horas, o local já estava praticamente vazio e o vinho , já fazia efeito, ele comentava que era recém chegado a cidade e que estava em uma pensão de improviso ,perguntou-me se não conhecia um hotel mais confortável, eu logo de primeira ofereci minha casa, e ele aceitou, então carregando um ao outro e rindo de nossa decadente situação fomos para casa, nem é necessário dizer o que ocorreu naquela noite, guardo ainda em meus lábios o gosto daquela noite, desde então moramos juntos, mas não sei por quanto tempo.

Corvo de Poe
Enviado por Corvo de Poe em 10/11/2011
Código do texto: T3327566
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